Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas
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todo este dia, e a noite <strong>de</strong> seis para sete <strong>de</strong> maio<br />
[<strong>de</strong> 1769].<br />
Teotônio José Juzarte<br />
Ao escrevermos sobre Itapura, nos propomos imbricar dois pontos<br />
norteadores. O primeiro discutirá a questão do patrimônio histórico<br />
da cida<strong>de</strong> como uma das fontes materiais da qual partimos em nossas<br />
buscas rumo à formação histórica. É nos vestígios do homem colonizador<br />
que realiza a empreitada sertão a<strong>de</strong>ntro que po<strong>de</strong>mos conhecer o<br />
passado <strong>de</strong>ssa região da fronteira noroeste paulista.<br />
A presença civilizadora ameaçava tribos indígenas como os<br />
“payaguá”, nôma<strong>de</strong>s dos vales ribeirinhos e exímios canoeiros que<br />
não se resignavam ante o mo<strong>de</strong>lo colonizador dos séculos XVI ao<br />
XIX, como nos conta Magna Lima <strong>de</strong> Magalhães em seu artigo A<br />
história dos payaguá (1997). O segundo ponto é sobre o cotidiano da<br />
colônia militar e estabelecimento naval <strong>de</strong> Itapura em fins do século<br />
XIX. Nesta trajetória, quanto à posição geográfica da colônia à margem<br />
direita do baixo vale Tietê, bem próximo do Salto <strong>de</strong> Itapura;<br />
seria importante consi<strong>de</strong>rar aqui que a localização obe<strong>de</strong>ce duas<br />
linhas condutoras: 1) a instalação dos núcleos coloniais <strong>de</strong> Itapura e<br />
Avanhadava nas duas maiores cacheiras do Tietê; 2) e estrategicamente,<br />
Itapura colocada a 6 km do rio Paraná, on<strong>de</strong> do Salto <strong>de</strong><br />
Urubupungá até a cachoeira das Sete Quedas do Guaíra “a navegação<br />
se oferecia franca”.<br />
Em fins do século XVIII, mais precisamente em 10 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1769,<br />
o sargento-mor Teotônio José Juzarte navega o rio Tietê numa comitiva<br />
[...] cujo número <strong>de</strong> Povoadores constava <strong>de</strong> setecentos,<br />
tantos homens, mulheres, crianças <strong>de</strong> todas as<br />
ida<strong>de</strong>s [...] e trinta soldados pagos que me acompanhavam<br />
à expedição, que ao todo fazia o número <strong>de</strong><br />
quase oitocentas pessoas, que para as quais tinha<br />
eu aprontado trinta e seis Embarcações naquele Porto<br />
[a saída se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> Porto Feliz] com o necessário<br />
para uma tão perigosa como longa viagem (JUZARTE,<br />
1999, p.24).<br />
Rumo a Nossa Senhora dos Prazeres e São Francisco <strong>de</strong> Paula,<br />
povoamentos próximos da Província do Paraguai, então em 5 <strong>de</strong> maio<br />
<strong>de</strong> 1769, Juzarte e toda sua comitiva atravessam o Salto <strong>de</strong> Itapura,<br />
<strong>de</strong>screvendo o tempo em que ficaram a <strong>de</strong>scanso e <strong>de</strong>sfrute no ponto<br />
final do baixo Tietê.<br />
[...] a poucas voltas do Rio chegamos ao famoso, e<br />
gran<strong>de</strong> Salto <strong>de</strong> Itapura-guaçú que quer dizer em Por-