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Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

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[...] as ativida<strong>de</strong>s curriculares em Língua Portuguesa<br />

correspon<strong>de</strong>m, principalmente, a ativida<strong>de</strong>s<br />

discursivas: uma prática constante <strong>de</strong> escuta <strong>de</strong> textos<br />

orais e escritos, que <strong>de</strong>vem permitir, por meio da<br />

análise e reflexão sobre os múltiplos aspectos envolvidos,<br />

a expansão e construção <strong>de</strong> instrumentos que<br />

permitam ao aluno, progressivamente, ampliar sua<br />

competência discursiva. (BRASIL, 1998, p. 27)<br />

Esse enunciado traduz a expressão da imposição do po<strong>de</strong>r embutido<br />

no documento, <strong>de</strong> modo a orientar (professores e alunos) e moldálos<br />

ao projeto; às “propostas” (leis). Contraditoriamente, a liberda<strong>de</strong><br />

discursiva e a inserção social sofrem as amarras do controle e da restrição<br />

implicantes no seguimento das or<strong>de</strong>ns estabelecidas nos<br />

Parâmetros; po<strong>de</strong>mos notar a que <strong>de</strong>vem correspon<strong>de</strong>r as ativida<strong>de</strong>s<br />

em Língua Portuguesa e o que <strong>de</strong>vem permitir aos alunos. Os professores<br />

recebem o “aviso” e a voz da aca<strong>de</strong>mia entrelaça-se à do po<strong>de</strong>r<br />

político. É a ilusão da <strong>de</strong>mocracia; a ilusão da verda<strong>de</strong>, do progresso e<br />

da inclusão social, porque, no próprio título do documento, surgem os<br />

semas da prescrição e do controle do Estado. Ainda nesta perspectiva,<br />

importa lembrar que o documento inicia-se com uma carta <strong>de</strong> político (o<br />

então Ministro da Educação), em que se procura envolver o leitor, seduzindo-o,<br />

e argumentando a favor do conteúdo e do seu valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> modo a apagar resistências.<br />

Dados esses antece<strong>de</strong>ntes, po<strong>de</strong>mos pensar em até que ponto<br />

os PCN <strong>de</strong>mocratizariam as relações sociais escolares, tornando indivíduos<br />

em sujeitos cidadãos. Monta-se todo um projeto que acaba por<br />

reafirmar a hierarquia, as regras e a tradição. A ferramenta <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização<br />

utilizada são ainda os valores e o status que a gramática padrão<br />

oferece e a linguagem culta parece operar como o pó <strong>de</strong><br />

Pirlimpimpim capaz <strong>de</strong> transformar os falantes “não-padrões” em sujeitos<br />

dignificados (e humanizados) pelo po<strong>de</strong>r do domínio da norma, que<br />

liberta e emancipa os indivíduos em direção à cidadania e à participação<br />

social.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Preten<strong>de</strong>mos com este trabalho exibir uma leitura crítica dos<br />

Parâmetros Curriculares Nacionais. Apresentamos os diálogos estabelecidos<br />

no texto e abrimo-nos a interpretações que fizeram que emergisse,<br />

na materialida<strong>de</strong> textual, as imbricantes do po<strong>de</strong>r, do preconceito<br />

lingüístico, do ensino, das i<strong>de</strong>ologias e imagens, entre outras construções<br />

atuantes nas produções discursivas. Buscando contribuir com<br />

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