14.01.2015 Views

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nhum conforto, mal alimentado, sujeito às intempéries<br />

e às doenças, era obra para fortes. (GUIMA-<br />

RÃES,1988, p.89)<br />

Nessa representação, o que tínhamos em combate no Sul <strong>de</strong><br />

Mato Grosso era além <strong>de</strong> um soldado que respeita as diferenças e que<br />

estava lá em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu território, sobretudo, um combatente disciplinado,<br />

heróico e forte. No limite o essa representação do soldado<br />

brasileiro po<strong>de</strong> ser interpretada como uma alusão ao Ban<strong>de</strong>irante do<br />

séc. XVIII, “<strong>de</strong>sbravador” (amansador) do Sertão.<br />

O processo <strong>de</strong> reconstrução dos episódios históricos relativos à<br />

Retirada da Laguna po<strong>de</strong> ser reconstruído, da perspectiva <strong>de</strong> Acyr Vaz<br />

Guimarães, com base no livro Retirada da Laguna, que o autor <strong>de</strong> 500<br />

Léguas à Pé toma como documento histórico no sentido clássico do<br />

termo ou seja, enquanto testemunho inquestionável dos eventos do<br />

passado:<br />

E forte foi o nosso combate na frente do Apa. E não<br />

fosse a pena brilhante <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses soldados (o tenente<br />

Alfredo d’Escragnolle Taunay), não se daria crédito<br />

aos acontecimentos ocorridos durante a campanha<br />

do Apa. (GUIMARÃES, 1988, p.89)<br />

Na interpretação <strong>de</strong> Ana Paula Squinelo, ao manipular a <strong>de</strong>rrota<br />

e o fracasso em que se constituiu a Retirada da Laguna, redimensionado<br />

seu significado trágico, transformando-o em espólio épico e vitorioso, a<br />

obra <strong>de</strong> Taunay transforma-se para os escritores memorialistas em<br />

monumento portador <strong>de</strong> “verda<strong>de</strong>s absolutas”, uma vez que aten<strong>de</strong> aos<br />

anseios das elites regionais em construir uma história <strong>de</strong> glórias e<br />

heroísmo. (2002, p. 44-51)<br />

Deste modo, além dos heróis já consagrados pela tradição militar,<br />

como o briga<strong>de</strong>iro Antônio <strong>de</strong> Sampaio, Patrono da Infantaria,<br />

Marechal-<strong>de</strong>-Exército Manoel Luiz Osório, Patrono da cavalaria, Marechal-do-Exército<br />

Emílio Luiz Mallet, Patrono da Artilharia, tenente<br />

coronel <strong>de</strong> Engenheiros João Carlos <strong>de</strong> Vilagran Cabrita, Patrono<br />

da Engenharia, entre outros, as elites sul-mato-grossenses proclamam<br />

também os seus heróis, como José Francisco Lopes, o Guia Lopes, o<br />

gran<strong>de</strong> guia patriótico, e o coronel Camisão, tido como o gran<strong>de</strong> comandante<br />

da retirada.<br />

A construção da imagem <strong>de</strong> Guia Lopes confun<strong>de</strong>-se com o estereótipo<br />

do mato-grossense típico. Homem ru<strong>de</strong>, porém preenchido <strong>de</strong><br />

brasilida<strong>de</strong>, conhecedor <strong>de</strong> uma terra que a literatura sertanista da virada<br />

do século XIX, no interior da qual estão enquadras as obras <strong>de</strong> Taunay,<br />

274

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!