14.01.2015 Views

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sobre a prostituição como forma <strong>de</strong> emprego, Néstor Perlongher<br />

faz a seguinte observação:<br />

No ingresso ao mercado da prostituição intervém uma<br />

multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores. O econômico costuma aparecer<br />

manifestamente como <strong>de</strong>terminante: a miséria<br />

e o <strong>de</strong>semprego crônico <strong>de</strong> vastas massas, particularmente<br />

entre os jovens, criam condições objetivas<br />

para que a prostituição seja encarada como uma ‘estratégia<br />

<strong>de</strong> sobrevivência’ e legitimada pelos seus praticantes<br />

enquanto tal. (1987, p. 203)<br />

Importa enfatizar que os sujeitos <strong>de</strong> pesquisa do autor foram<br />

michês 5 do sexo masculino, porém os resultados a que chegou se<br />

aplicam aos nossos sujeitos e contribuem para analisar a situação das<br />

travestis, alvos do mesmo tipo <strong>de</strong> preconceitos e restrições i<strong>de</strong>ntificados<br />

pelo pesquisador.<br />

Presume-se neste momento, o preconceito do empregador – que<br />

possivelmente não vai admitir-se preconceituoso –, quanto à orientação<br />

sexual do candidato, especialmente, no caso <strong>de</strong> nosso objeto <strong>de</strong> estudo,<br />

se o sujeito interessado em uma vaga <strong>de</strong> trabalho, além <strong>de</strong> ser<br />

homossexual, ainda se trajar como uma mulher, quando biológica e<br />

juridicamente pertence ao sexo masculino.<br />

As travestis são homens transformados com roupas e acessórios<br />

femininos. A maioria usa aplicações <strong>de</strong> silicone pelo corpo, buscando<br />

as silhuetas arredondadas das mulheres. A partir daí surge,<br />

para esses agentes sociais, uma nova leitura do universo feminino,<br />

uma ramificação (tendo como referência as mulheres) em busca <strong>de</strong><br />

uma feminilida<strong>de</strong> que não renuncia a algumas características<br />

masculinas.Toda essa inovação do meio feminino tradicional confronta-se<br />

com os mais conservadores. Assim, interroga Guy Hocquenghem<br />

(1980, p. 35): “[...] porque [sic] vocês não suportam encontrar em um<br />

homem as atitu<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejos e comportamento que exigem <strong>de</strong> uma<br />

mulher”<br />

As transformações <strong>de</strong> gênero acabam modificando consciências<br />

e remo<strong>de</strong>lando as estruturas já existentes. Essa reforma é introduzida<br />

por um conjunto <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo sócio-sexual. Essa reforma não<br />

po<strong>de</strong> ser, contudo, facilmente aceita, pois, mesmo no século XXI, há<br />

gran<strong>de</strong> discriminação para com a orientação sexual <strong>de</strong>sses indivíduos<br />

em face do modo como eles se apresentam e agem diante da socieda<strong>de</strong>.<br />

Nesse momento, as travestis profissionais do sexo estão cientes<br />

<strong>de</strong> que a situação <strong>de</strong> tanto ser travesti quanto ser prostituta são<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!