Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Os tratamentos vêm se modificando nas últimas décadas. Os
novos métodos permitem que os pacientes, tradicionalmente internos
num manicômio, sejam tratados em clínicas sem a necessidade
de serem internados. Mas ainda assim algumas clínicas insistem
nos métodos tradicionais de tratar os pacientes com transtornos
mentais, tanto que ao conversar com Wanderlei, que já passou
por várias internações, ele e sua mãe relatam que alguns hospitais
psiquiátricos não fizeram ainda a reforma psiquiátrica. D. Maria, discorrendo
a esse respeito afirma que, quando ia visitar o filho que
estava internado:
Parecia mais um bando de porco, de animal! Tudo
misturado ali. Uns comendo, outros vomitando, outros
fumano na cara dos outros. Quando terminava ali,
que todo mundo ia embora, os funcionários que via
que os país, a família com aquele amor do lado dos
pacientes, eles tinha um pouquinho de cisma de fazer
aquilo. Mas muito que as visita nem ia, ás vezes um tio
né, ou um irmão...eles acabava de comer , eles pegava
com as duas mãos e saia empurrando porta adentro,
vai, vai, vai, empurrando assim!
Esta entrevista confirma, de certo modo, o que Serrano descreve
sobre os hospícios dizendo que estes lembram mais um povoado de
mendigos que uma clínica. (1985, p. 9)
O Brasil já há algum tempo vem implantando os Centros de
Atenção Psicossocial que tem como principal objetivo a reintegração
social. O CAPS em Três Lagoas é recente, surgiu com a necessidade
de se adequar, por lei, a atual política do Ministério da Saúde. Está
sob orientação da Secretaria de Saúde do Município. Conta com profissionais
na área da Medicina, Enfermagem e agentes comunitários
de saúde. São encaminhadas ao CAPS pessoas com transtornos
mentais que se caracterizam principalmente pela Esquizofrenia, definida
por Cooper como:
[...] uma situação de crise microssocial, na qual os
atos e as experiência de determinada pessoa são invalidadas
por outras, em virtude de certas razões inteligíveis,
culturais e microculturais (geralmente familiar),
a tal ponto que essa pessoa é eleita e identificada
como sendo mentalmente doente de certa maneira e,
a seguir, é confirmada (por processos específicos, mas
altamente arbitrários de rotulação) na identidade de
paciente esquizofrênico pelos agentes médicos ou
quase médicos (apud SANTOS, 1994, p. 20)
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