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Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

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<strong>de</strong>sconhecido e habitado por índios bravos” (BARROS, 1957, p. 310,<br />

grifo nosso). Nesse contexto, se inserem os afazeres dos índios, dos<br />

escravos, das mulheres, das crianças, dos militares e dos marinheiros,<br />

dos oficiais administrativos. Inserem-se também as técnicas, o transporte,<br />

a comunicação, os recursos financeiros, a jurisdição, a guerra, o<br />

comércio, as migrações, enfim, o clima, a selva, os rios e cachoeiras,<br />

a caça e a pesca, os <strong>de</strong>smatamentos, as doenças...<br />

Barros ao comentar sobre os “pequenos fatos interessantes” no<br />

trecho acima, tece um ensaio da história do cotidiano <strong>de</strong> Itapura ao<br />

tratar dos “acontecimentos diversos” do núcleo colonial como as doações<br />

<strong>de</strong> terras, os casamentos protestantes, os padres falecidos, a<br />

jurisdição da colônia militar, a correição nas colônias (seria o caso das<br />

duas principais, Avanhadava e Itapura), o êxodo dos colonos, um rol <strong>de</strong><br />

bens, o arquivo, os soldados e uma gente refuga, um “bom” médico, a<br />

exploração geográfica; os Felícíssimos, uma família <strong>de</strong> navegantes “dados<br />

à prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns”; a construção da igreja <strong>de</strong> tijolos, a escola<br />

das primeiras letras, uma banda <strong>de</strong> música, um caso <strong>de</strong> “amores”, as<br />

formigas saúva, os gastos do Governo Imperial para a manutenção da<br />

colônia, enfim, a submersão do vapor “Tamandatahy”, o meio <strong>de</strong> transporte<br />

oficial da colônia pelas barrancas do rio Paraná que sempre levava<br />

mercadorias, gado, médico e remédios, enfim, os serviços postais.<br />

Basta pensarmos que as atrofias da história tradicional praticadas<br />

na América Latina, reminiscências <strong>de</strong> um passado positivista, remetenos<br />

a buscar novas alternativas historiográficas que nos propicie o exercício<br />

<strong>de</strong> uma experiência da história nova (LE GOFF, 1998). Seguindo<br />

estes passos, nossa proposta <strong>de</strong> pesquisa torna-se vastíssima, porém<br />

uma questão é das mais norteadoras e experimentais: como e por quê<br />

imbricar o cotidiano da colônia ao patrimônio histórico Para respon<strong>de</strong>r,<br />

cito a tempo uma preocupação do historiador Jacques Le Goff<br />

Uma nova concepção do documento, acompanhada<br />

<strong>de</strong> uma nova crítica <strong>de</strong>sse documento. O documento<br />

não é inocente, não corre apenas <strong>de</strong> escolha do historiador,<br />

ele próprio parcialmente <strong>de</strong>terminado por sua<br />

época e seu meio; o documento é produzido consciente<br />

ou inconscientemente pelas socieda<strong>de</strong>s do passado,<br />

tanto para impor uma imagem <strong>de</strong>sse passado,<br />

quanto para dizer “a verda<strong>de</strong>” [...] É preciso<br />

<strong>de</strong>sestruturar o documento para <strong>de</strong>scobrir suas condições<br />

<strong>de</strong> produção. Quem <strong>de</strong>tinha, numa socieda<strong>de</strong><br />

do passado, a produção dos testemunhos que, voluntária<br />

ou involuntariamente, tornaram-se os documentos<br />

da história É preciso pesquisar, a partir da noção<br />

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