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Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

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O estudo <strong>de</strong> Costa sobre o assentamento <strong>de</strong> Indaiá, realiza uma<br />

reflexão quanto a questão social e o MST no estado nos anos 80, contribuindo<br />

para enten<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> lutas e representação da terra<br />

para o Movimento:<br />

O movimento dos sem terra em Mato Grosso do Sul é<br />

percebido, neste trabalho, como um espaço on<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senvolvem as experiências sociais dos seus integrantes.<br />

Neste espaço social, os trabalhadores rurais<br />

compartilham, <strong>de</strong> forma comunitária, suas experiências<br />

e alguns princípios, que conferem legitimamente<br />

as suas práticas <strong>de</strong> ocupação e acampamento, consi<strong>de</strong>radas<br />

como ilegais pela socieda<strong>de</strong> civil. Não<br />

obstante, não postulo que haja consenso, uma ação<br />

uniforme <strong>de</strong> todos seus integrantes, mas uma visão<br />

sobre o movimento, que é comum a todos aqueles<br />

homens. (1993, p. 44).<br />

Assim, as lutas <strong>de</strong> hoje também se espelham nas ocorridas no<br />

passado. Toda dor, sofrimento e angústia <strong>de</strong> outras revoltas ocorridas<br />

na busca <strong>de</strong> espaço, liberda<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> trabalho, reforçam a<br />

idéia e os objetivos que ainda norteiam os caminhos da luta pela terra e<br />

para nela permanecer na busca da mesma conquista que vem sendo<br />

plantada historicamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período colonial e sendo reforçada<br />

com os movimentos das décadas <strong>de</strong> 1960 aos dias atuais no Mato<br />

Grosso do Sul. 5<br />

A narrativa do sofrimento enfrentada pelos assentados em diversas<br />

regiões do Estado, como no Pontal do Faia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu surgimento<br />

em 2000, se reflete em falas como a <strong>de</strong> um entrevistado que argumenta<br />

“ A gente vegeta aqui, come, trabalha e dorme ”, e ainda complementa<br />

“ É assim, largar não adianta, tem que viver, né”, <strong>de</strong>monstrando uma<br />

fala carregada <strong>de</strong> conformismo e ao mesmo tempo <strong>de</strong> resistência. 6<br />

Em vista <strong>de</strong>stas condições, Borges observa que, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>stas<br />

dificulda<strong>de</strong>s, esses trabalhadores acabam modificando suas trajetórias,<br />

esperanças e adquirindo novas formas <strong>de</strong> enxergar a sua realida<strong>de</strong>,<br />

a fim <strong>de</strong> conseguirem sobreviver:<br />

Na tentativa <strong>de</strong> verem os seus direitos reconhecidos<br />

ou simplesmente no ato <strong>de</strong> sobreviver, os assentados<br />

vão re-<strong>de</strong>finindo as suas trajetórias <strong>de</strong> vida, os<br />

seus valores. Nesta re-<strong>de</strong>finição encontram-se presentes<br />

às raízes do ser trabalhador da terra, ou seja,<br />

os <strong>de</strong>sejos que norteiam a terra do trabalho, da família<br />

e o espaço tão sonhado para a sua liberda<strong>de</strong>.<br />

(2002, p. 98).<br />

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