14.01.2015 Views

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

povo, levando-o por diante, como se conduz uma manada <strong>de</strong> animais<br />

para o matadouro” (GUIMARÃES, 2000, p. 9).<br />

Mais adiante, Acyr Vaz Guimarães elencou uma série <strong>de</strong> elementos<br />

que teriam contribuído para garantir a vitória das forças brasileiras.<br />

Dentre eles, i<strong>de</strong>ntificou a soma <strong>de</strong>: “nossos oficiais, nossos soldados,<br />

uns e outros e inclusive ex-escravos, que lutaram, ombro a ombro,<br />

para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pátria ultrajada por invasores <strong>de</strong> sua<br />

terra”. (GUIMARÃES; 2000, p.16) Com isso, sugeria que o Brasil teria<br />

saído vitorioso do conflito <strong>de</strong>vido a sua “or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>mocrática” em <strong>de</strong>trimento<br />

da ditadura paraguaia, bem como da i<strong>de</strong>ntificação dos nossos<br />

combatentes com a nação brasileira.<br />

Essa representação <strong>de</strong> interação racial nas forças armadas do<br />

Brasil 3 durante o conflito, fica mais clara no livro Seiscentas Léguas a<br />

Pé, no qual além dos ex-escravos, os índios Terena e Guaicurus, “pouco<br />

afeitos à luta”, aparecem na “vanguarda” do conflito, em razão <strong>de</strong><br />

terem sido “sempre inimigos dos paraguaios, a quem chamavam <strong>de</strong><br />

espanhóis”. Na síntese <strong>de</strong> Acyr Vaz Guimarães, coube “àqueles homens<br />

do sertão, habituados com a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascer [...] lutarem<br />

junto com os soldados brasileiros. Portando-se como autênticos<br />

heróis”. (GUIMARÃES, 1988, p. 77-103).<br />

Porém há outras explicações para o fato <strong>de</strong> índios e negros terem<br />

sido incorporados nas forças armadas naquele período. Como Informa o<br />

historiador Cláudio Alves <strong>de</strong> Vasconcelos, ao tratar das novas diretrizes<br />

políticas do governo Imperial que tinham como principal objetivo promover<br />

a ocupação efetiva das áreas indígenas, conce<strong>de</strong>ndo-as aos colonos<br />

interessados em apropriá-las, bem como a exploração compulsória <strong>de</strong><br />

sua mão-<strong>de</strong>-obra. Vale ressaltar que, naquele momento, em quase toda<br />

a América Espanhola, já se constatavam gran<strong>de</strong>s rebeliões com o<br />

envolvimento <strong>de</strong> escravos e índios, incitados pelo movimento autonomista.<br />

Portanto, era necessário, segundo o pensamento do governo, “civilizar”<br />

os povos indígenas para não permitir movimentos similares nos domínios<br />

territoriais portugueses, bem como, com esse processo <strong>de</strong> integração<br />

indígena, garantir uma força militar mais numerosa e barata para confrontos<br />

internos e externos.(VASCONCELOS, 1999, p.37)<br />

No tocante às representações que propunham a “interação” étnica<br />

<strong>de</strong>ntro da forças armadas e <strong>de</strong> “amor a pátria brasileira”, estas não<br />

se limitavam aos índios e ex - escravos, mas também recobrem o soldado<br />

brasileiro. Na narrativa <strong>de</strong> Acyr Vaz Guimarães:<br />

O soldado brasileiro foi <strong>de</strong>nodado, valente e disciplinado.<br />

Marcha a pé centenas <strong>de</strong> léguas, sem ne-<br />

273

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!