Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas
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na escravidão; e as formas encontradas pelo escravo para lutar contra a<br />
realida<strong>de</strong> imposta a ele. Talvez seja nessa perspectiva <strong>de</strong> novas pesquisas<br />
que Nora <strong>de</strong>bate quando diz que: “a História Contemporânea é<br />
quase inevitavelmente uma História cruel, que fere, que faz sangrar,<br />
porque rema quase sempre fatalmente contra a corrente da imagem<br />
que uma socieda<strong>de</strong> tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir acerca <strong>de</strong> si mesma<br />
para sobreviver”. (apud LE GOFF, 1984,p.53)<br />
Sobre essa discussão Machado relata:<br />
A história da escravidão esforça-se hoje para superar<br />
as visões pessimistas a respeito do escravo e do liberto,<br />
mergulhando nas fontes documentais que permitem<br />
reconstruir a realida<strong>de</strong> da escravidão, não necessariamente<br />
sob um ponto <strong>de</strong> vista heróico, mas<br />
realista. (1988, p.160)<br />
Portanto, po<strong>de</strong>mos perceber que a escravidão repercutiu historicamente<br />
(e repercute), não só no âmbito político e econômico, mas<br />
também no meio sociocultural, observando ainda que o escravo participou<br />
ativamente na formação <strong>de</strong> nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional.<br />
REFLEXÕES EM TORNO DA MANUMISSÃO<br />
Uma questão a ser abordada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa análise da escravidão<br />
é a questão da alforria no Brasil. Conforme Schwartz “o instrumento <strong>de</strong><br />
manumissão era um documento usualmente chamado <strong>de</strong> carta <strong>de</strong> alforria<br />
ou carta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. (2001, p.173).<br />
A manumissão cedia os direitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, e era com ele<br />
que o escravo assumia novo papel com responsabilida<strong>de</strong>s jurídicas.<br />
Segundo Schwartz:<br />
Nesse documento o senhor ou senhora do escravo se<br />
i<strong>de</strong>ntificava e, em seguida, o escravo a ser libertado.<br />
Essa continha, em geral, a ida<strong>de</strong>, a cor, a naturalida<strong>de</strong><br />
do escravo e, em raras ocasiões, sua ocupação. Era<br />
comum a carta <strong>de</strong> alforria comentar as razões da concessão<br />
<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> ou quaisquer limitações ou condições<br />
que se <strong>de</strong>vesse impor à libertação.(2001, p.173)<br />
Mas a alforria não era conseguida facilmente. Para Chiavenato<br />
essa “vantagem” geralmente era estendida aos velhos, “quando não<br />
mais tinham força para o trabalho; para não alimentá-los, geralmente<br />
os senhores encontravam a saída da alforria, “libertando-os” e jogandoos<br />
na rua, on<strong>de</strong> geralmente morriam abandonados”.(2001, p.144)<br />
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