Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

forma muito utilizada por Portugal para povoá-la. Não podemos precisar
o número certo de degredados que vieram, mas podemos supor que
foram em grande número pois sua figura fora bastante relatada na época
por cronistas que aqui estiveram, tendo logo na carta de Pero Vaz de
caminha sua primeira aparição. Portanto, o degredado fora de extrema
importância para a constituição da sociedade que estaria por se formar.
Então a sociedade que estava se formando era em grande parte de
condenados, que segundo Giucci “são expulsos da metrópole, mas
ressuscitam na flamante Colônia, revestidos do cargo de representantes
da sociedade que os marginaliza” (1993, p.52), sendo assim cria-se
uma sociedade imoral a qual grande parte dela era de condenados que
possivelmente voltariam a praticar o mesmo delito. Siqueira (1978), diz
que muitos condenados ficavam arrependidos do que faziam, mas quase
sempre voltavam a cometer o mesmo delito. A autora em seu livro
relata que um padre que fora degredado por praticar a sodomia, em
terras coloniais voltou a cometer a mesma pratica que o condenou. Por
isso pressupomos que parte da imoralidade colonial cabe a figura do
degredo que acentuou a mesma. Como não lembrar do caso de Diogo
Alves o “Caramuru”, que fora degredado para a Bahia e que aqui se
amancebou com varias índias praticando vários atos ilícitos em terras
brasileiras.
Como vimos, Portugal tentou na figura do degredado expurgar
os indivíduos condenados da metrópole para a Colônia, com isso
criou uma solução para povoar a mesma. Mas a composição
demográfica que estava aqui se formando era altamente masculina,
isto porque a maioria das pessoas que aqui chegavam eram do sexo
masculino, e a maioria dos degredados, supomos, era de homens.
Isso causou um fato inusitado na Colônia, a falta de mulheres para
os homens.
As mulheres da corte portuguesa dificilmente viriam a um território
em que o mesmo tinha fama de inferno ou purgatório. As condições
aqui encontradas nos primeiros séculos de nossa existência em nada
pareciam com a corte de Lisboa, portanto, dificilmente alguma mulher
deixaria a corte de Portugal para se estabelecer no Brasil, fato esse
que causou a falta de mulheres brancas. De acordo com Freyre (1933),
essa falta de mulheres fora muito sentida pela sociedade da época, que
em alguns casos recomendava que para os colonos que aqui vivessem,
que lhe fossem trazidas algumas negras da África, para que eles não
ficassem sozinhos. Esse fato ainda é relatado no filme “Desmundo” do
diretor Alain Fresnot, o qual mostra que as poucas mulheres que chegavam
da Europa eram para ser comercializadas com colonos que aqui
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