Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas
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sujeitos. Seriam portanto sujeitos políticos coletivos, e não individuais,<br />
como o exemplo anterior.<br />
Isso po<strong>de</strong> ser observado, por exemplo, através das SAB’s - Socieda<strong>de</strong>s<br />
Amigos <strong>de</strong> Bairro -, que abraçaram, por volta <strong>de</strong> 1984, a luta pelo<br />
“Orçamento Participativo” ou “Orçamento Popular”, implicando intensa<br />
mobilização por parte das comunida<strong>de</strong>s integradas (11 ao todo), nos<br />
esforços <strong>de</strong> manifestações, pesquisas exaustivas com mais <strong>de</strong> 2000<br />
entrevistas nos bairros para levantamento geral das necessida<strong>de</strong>s da<br />
população, embates políticos travados com o po<strong>de</strong>r público por sua<br />
implantação durante anos consecutivos, e etc.<br />
Na memória <strong>de</strong>sse movimento, observa-se que tal luta se constitui<br />
em imensa importância não apenas pelo fato em si, da luta pelo<br />
direito e pela participação, mas sobretudo pelo pioneirismo <strong>de</strong> uma<br />
experiência que seria exaltada por diversas instituições, como o CEDI,<br />
Centro Ecumênico <strong>de</strong> Documentação e Informação <strong>de</strong> São Paulo, que<br />
produziu um documentário relatando a experiência, e posteriormente<br />
pela incorporação do projeto <strong>de</strong> “orçamento participativo” nos governos<br />
petistas.<br />
Em algumas ocasiões, os “ânimos” esquentavam entre esse Movimento<br />
e o po<strong>de</strong>r municipal. Por exemplo, em 4 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1985,<br />
as SAB’s foram a 1ª sessão da Câmara Municipal questionando os<br />
vereadores por estes não terem comparecido à reunião marcada para<br />
<strong>de</strong>zembro do ano anterior. Entraram na câmara mais <strong>de</strong> duzentos membros<br />
do movimento clamando em uma só voz: “O povo quer falar, Tribuna<br />
Livre Já!”. A recepção não fora pacífica, o presi<strong>de</strong>nte da Câmara<br />
pediu silêncio e proibiu a exposição dos problemas que estavam sendo<br />
levados pelas SAB’s, iniciou-se um bate-boca que logo se tornou uma<br />
discussão generalizada. Os membros do movimento iniciaram a leitura<br />
da carta em repúdio aos vereadores, que reagiram ligando o aparelho<br />
<strong>de</strong> som na câmara e provocando um chiado ensur<strong>de</strong>cedor. O povo levantou<br />
a voz e continuou a ler a carta. Ao final, o acordo viria com outra<br />
reunião sendo marcada, e nesta, compareceram apenas três vereadores.<br />
Mesmo assim a reunião seguiu, coor<strong>de</strong>nada por Val<strong>de</strong>te Bertucci –<br />
novamente presi<strong>de</strong>nte do Iajes e membro das SAB’s 7 .<br />
Aparentemente, o movimento estava objetivando o acordo e não<br />
o enfrentamento, como é o caso da luta prece<strong>de</strong>nte, a dos postos <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, que culminou num gran<strong>de</strong> acordo entre Iajes e prefeitura. O<br />
conflito só veio em resposta ao silenciamento do po<strong>de</strong>r público diante<br />
das reivindicações sobre orçamento popular, o que evi<strong>de</strong>nciava a opinião<br />
da prefeitura acerca da participação popular nas escolhas dos gastos<br />
e priorida<strong>de</strong>s do governo municipal. Mas mesmo em busca <strong>de</strong> acordos,<br />
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