14.01.2015 Views

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

Anais Semana de História 2005 - Campus de Três Lagoas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

uma das gran<strong>de</strong>s tragédias humanas (2001). Tentando retardar esse<br />

processo, os imigrantes procuravam manter ligações contínuas com a<br />

terra <strong>de</strong> origem. Esse contato foi feito principalmente com a família e<br />

como vimos anteriormente, uma das formas foi pela fotografia.<br />

Através das gravações das histórias <strong>de</strong> vidas dos imigrantes tivemos<br />

acesso a diversas imagens fotográficas que eles guardavam em<br />

caixas, álbuns, porta-retratos ou em quadros fixos nas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suas<br />

casas. Também, quando realizamos nossa pesquisa <strong>de</strong> campo nas<br />

al<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Blato e Vela Luka nos <strong>de</strong>paramos com os mesmos dados.<br />

Na Dalmácia havia as fotos dos que partiram e no Brasil dos que ficaram.<br />

Constatamos então que a troca <strong>de</strong> fotografias por correspondência<br />

fez parte do cotidiano <strong>de</strong>ssas pessoas. Não sendo mais possível<br />

manter o elo familiar face a face, <strong>de</strong>vido as enormes distâncias, eles<br />

encontraram através <strong>de</strong>sse meio tornar presentes, os ausentes.<br />

Segundo os entrevistados, existia um dia especial no qual a família<br />

tirava o retrato num estúdio com a intenção <strong>de</strong> posteriormente<br />

enviar aos parentes. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, até a década <strong>de</strong> setenta<br />

havia muitos fotógrafos que possuíam seus estabelecimento comerciais.<br />

Com a revolução tecnológica das máquinas fotográficas e seu barateamento<br />

<strong>de</strong> custos, esses locais quase não existem mais. As fotografias<br />

que chegavam das al<strong>de</strong>ias em sua gran<strong>de</strong> maioria eram feitas<br />

em estúdios. Porém, houve várias tiradas por fotógrafos itinerantes.<br />

Um núcleo importante <strong>de</strong>ssa documentação era formado por retratos<br />

<strong>de</strong> ritos <strong>de</strong> passagens: casamento, primeira comunhão, formatura<br />

e em alguns casos morte.<br />

A título <strong>de</strong> exemplos selecionamos algumas falas on<strong>de</strong> é possível<br />

observar a relação que os entrevistados tinham com a fotografia:<br />

“Quando eu recebia uma fotografia <strong>de</strong> minha irmã que ficou no Blato, eu<br />

olhava para ela durante muito tempo. Queria ver o que havia mudado<br />

nela. Olhava os sobrinhos e via o quanto eles tinham crescido. Era<br />

pelos retratos que eu conhecia os que nasceram <strong>de</strong>pois que a gente<br />

veio embora”. (Kapor 2 ,1984)<br />

Uma imigrante fez o seguinte comentário: “Eu queria que eles<br />

estivessem perto da gente e não só na fotografia. Sabe, as vezes eu<br />

não sabia se era melhor eles terem vindo para cá ou se a gente e que<br />

<strong>de</strong>via ter ficado lá”. (Dubinko 3 , 1985)<br />

Na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Pupnat, uma camponesa cujo irmã emigrou para o<br />

Brasil, um irmão para a Nova Zelândia e vários sobrinhos para Austrália,<br />

possui na pequena sala <strong>de</strong> sua casa uma pare<strong>de</strong> repleta <strong>de</strong> fotografias.<br />

Explicou-nos que aquelas pessoas viviam muito distantes e<br />

170

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!