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MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

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Considerações finaisA partir de toda essa extensa discussão sobre a diversidade intra-urbana da cidadedo Recife sob o aspecto da exclusão e inclusão socioambiental, uma reflexão sobressai no quediz respeito ao significado dessa exclusão: trata-se de um fenômeno multidimensional, quecompreende um conjunto de outros fenômenos sociais que se interligam e que contribuempara a produção e a persistência da desigualdade no território da cidade.Não se pode esquecer que a cidade em si é um território de conflito. Compreende,segundo Ferrarotti (1973, p. 24, opus <strong>DO</strong>NNE, 1990, p.168), uma realidade social globalconstituída por uma multiplicidade de sistemas de poder (sistema produtivo, sistema político,sistema reprodutivo, sistema simbólico e outros) interrelacionados, dotados de autonomia e delógicas independentes. Esses sistemas dialeticamente conexos não evoluem de formaunilateral e previsível. Há um embate entre eles. Contudo, mesmo sabendo que o conflito é o“preço que a cidade paga pelo seu desenvolvimento” (FERRAROTTI, 1973, p. 24), oconhecimento desse fato não restaura o sofrimento cotidiano da população.Na verdade, o panorama das áreas metropolitanas está concentrado nas fraçõescada vez mais elevadas das populações de várias regiões, dos recursos e das comunicações demuitas localidades e países, formando, no dizer de Donne (1990, p. 215), a globalização darealidade urbana como fenômeno social total. Nesse sentido, a exclusão torna-se maiscomplexa e mais crítica. No jogo de muitos interesses, percebem-se mudanças no interior dacidade, especulações de toda ordem e a exclusão de parte da população dos principais bens eserviços cada vez mais disputados. Sem dúvida, a vida social na sua totalidade tornou-se maisdifícil no espaço urbano.Na esteira desse raciocínio, pode-se argumentar que situações de profundasdesigualdades produzem efeitos desfavoráveis que impedem a população mais excluída debarganhar o acesso às políticas públicas, principalmente àquelas políticas que interferem nadistribuição da riqueza. Fazendo uma relação entre rendimentos e acesso às políticas públicas,Matos(2005) chega à esperada conclusão de que as pessoas de renda mais alta têm maisinfluência no acesso aos bens públicos do que as pessoas de baixa renda. Desse modo, aagudeza das profundas distâncias sociais e de suas conseqüências leva a se pensar no tema dajustiça e do direito, levantado por Telles (2001; 2005), uma vez que está em jogo o ethossocial e o critério de julgamento das relações sociais.181

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