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MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

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A problemática da violência no Recife: homicídios entre os jovensA preocupação com a violência social justifica-se não só pela necessidade de secompreender as razões pelas quais vidas humanas são eliminadas, como ainda pelanecessidade de explicar em que medida o fenômeno da violência passa pela clivagem entreexclusão/inclusão em um território disputado pelas desigualdades.Entende-se a violência social como um fenômeno de conceituação complexa.Entretanto, a despeito dessa complexidade, assume-se neste estudo que a violência écaracterizada pelas circunstâncias sociais e que o fenômeno é representado por açõeshumanas, realizadas por indivíduos, grupos, classes sociais, em uma dinâmica de relações,ocasionando danos físicos, emocionais, morais e espirituais a outrem. Na verdade, entende-seo fenômeno da violência no plural, no sentido de violências, como expressões manifestas daexacerbação de conflitos sociais, cujas especificidades necessitam de conhecimento. Éimportante enfatizar que o fenômeno tem raiz nas estruturas sociais, econômicas e políticas,bem como nas consciências individuais, em uma relação dinâmica entre condições dadas esubjetividade (MINAYO, 1998).A violência tem sua expressão mais assustadora nos homicídios. A eliminação deseres humanos praticada por outrem, qualquer que seja a sua classe social, etnia, ideologia, oureligião, é o que se pode chamar de um mal irreparável para a sociedade. Ao praticá-la, negaseo direito básico à vida, um dos pilares dos Direitos Humanos universalizados, e quebram-seas regras imprescindíveis da convivência humana em sociedade. Talvez fosse possível falarque existem outros modos sutis de matar a outrem, outras violências camufladas tambémestarrecedoras porque não são punidas, como aquelas das vítimas das decisões políticas eeconômicas em que as pessoas são deixadas a morrer em um ciclo fechado de pobreza eexclusão. Não cabe, aqui, justificar ou diminuir a gravidade que representa a prática de umhomicídio em relação a outras práticas de violência.Dados da Unesco (WAISELFISZ, 2004) revelam que se morre muito por armasde fogo e, em geral, as mortes recaem em indivíduos na faixa etária de 15 a 24 anos,principalmente do sexo masculino. Os jovens vítimas e os agentes de homicídios são os maisexcluídos. Além disso, é sabido que mecanismos de controle social oferecidos aos jovens defamílias mais ricas, como boas escolas, lazer, divertimento, cultura, bens simbólicos,consumo, uso do tempo livre, possibilitam ao jovem desenvolver qualidades que vãobeneficia-los na sociedade, no mercado de trabalho. Naturalmente, se essas qualidades nãoforem alicerçadas pela construção de um ethos social para o desenvolvimento da222

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