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MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

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subjetividade sustentada em premissas de valores mais nobres, possivelmente não se veráretorno para o investimento oferecido. Por outro lado, com elos familiares enfraquecidos,jovens sem alternativa, sem assistência por parte do Estado, desamparados como sujeitos dequerer e de vontade própria, sem condições para darem vazão às potencialidades que lhes sãoinerentes, estão mais vulneráveis a construir valores de uma subcultura de dimensões poucoconhecidas, especificamente ligadas à violência, com símbolos, rotinas e práticas próprias(SOARES; M. V. BILL; ATHAIDE, 2005).Nesse sentido, pergunta-se: as mortes ocorridas no Recife inscrevem-se nessecontexto de ruptura social em que as pessoas procuram no mundo do crime outra alternativapara se expressarem enquanto sujeitos sociais, enquanto afirmação de suas subjetividadesnegadas? De que forma a violência ou as violências registradas nesta localidade é fruto deuma reação, embora despolitizada, à polaridade da exclusão e inclusão? Nesse caso, haveriapossibilidades de integração social? Por que os jovens são as maiores vítimas e os maioresagentes da criminalidade?Essas questões são um desafio. Certamente elas vão abrir um debate mais amplocom a sociedade, em cuja direção este estudo deverá estimular.A violência no Recife se expressa sob diversas formas e possui várias faces.Segundo o Coeficiente de Mortalidade por Homicídio utilizado universalmente como formade medir a violência, no Recife, no ano de 2000, o índice atingiu um coeficiente alarmante, de67,39 mortes por homicídios por 100 mil habitantes, figurando entre os maiores do Brasil(RADAR SOCIAL, IPEA, 2005, p.108). Quando esse coeficiente é calculado apenas para aparcela da população entre 15 e 29 anos, o resultado é mais assustador: são 156 homicídiospor 100 mil habitantes, como o mostra a Tabela 6.O alto índice de homicídios nessa faixa etária ceifa vidas que estão apenascomeçando. Além desse fato lastimável sob todos os aspectos, há também uma repercussãosocial importante a considerar: essas mortes prematuras atingem as famílias e a sociedadepelas perdas irrecuperáveis, o que pode gerar novas formas de violência. O alto índice demortes por homicídios atinge, principalmente, a população masculina. A repercussãodemográfica desse fato é que essas mortes aumentam o hiato da expectativa de vida entrehomens e mulheres, como também cresce o número de órfãos e viúvas precoces. Não é à toaque especialistas acreditam que a violência está deixando uma cicatriz demográfica nasgrandes cidades brasileiras (OLIVEIRA, 2002).De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade, da Secretaria deSaúde Municipal, por meio da Diretoria de Epidemiologia e Vigilância Sanitária, no conjunto223

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