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MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

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incluídos, a taxa foi de 0,95 (Tabela 6). Esses resultados ratificam a afirmativa de que aexclusão e a desigualdade podem estar associadas à violência.Uma série de fatores contribui para tornar os locais de moradia dos pobres,principalmente nas grandes cidades, localidades de acentuada violência. Sem trabalho, semescola, sem segurança, as pessoas acabam envolvidas no circuito da violência, numa clarafalta de opção. A perversidade desse quadro se expressa no fato de que, justamente essapopulação que se encontra nas piores localidades da cidade, é obrigada a viver o dia-a-dianesse ambiente de constante medo e apreensão.O que existe é uma associação entre altas taxas de homicídios e os pioresindicadores relativos à condição de infra-estrutura urbana. Esta condição potencializa o riscode determinada população morrer de forma violenta. Na verdade, além de enfrentaremcondições precárias de subsistência, essa população ainda é a principal vítima de crimesviolentos.Tão importantes quanto as características dos indivíduos, são as condições e oambiente em que vivem. Péssimas condições de habitabilidade fazem com que os habitantessintam que suas vidas têm pouca valia. As desigualdades sociais das pessoas e da cidade,desatendidas, na maioria das vezes, pelo poder público, seja em termos de infra-estrutura, sejade segurança cidadã, cria espaços mais convenientes e “seguros” para a instalação ou apropagação de atividades ilegais: grupos organizados, tráfico de drogas, etc.Parece claro que não se pode refletir sobre a violência com os mesmosinstrumentos conceituais que existiam até algum tempo atrás, isto é, associando quase sempreas causas da violência às classes mais pobres, aos “bolsões de pobreza”. Em nome da“civilidade”, ações repressivas foram utilizadas para o controle social dos considerados“pobres”. Ainda hoje, a classe mais pobre é facilmente estigmatizada como suspeita devandalismo, banditismo e outras formas de violência. A violência é determinada, de antemão,para uma classe caracterizada como: “os pobres”.Mas não se podem abandonar as informações sobre os elevados graus de exclusãoapresentados neste trabalho, os quais terminam por se reproduzir nos jovens. A partir dasreflexões sobre o contexto de exclusão e violência dos jovens no Recife, e com o uso deoutros estudos, especialmente os oferecidos pela Unesco (WAISELFISZ et al. 2002 ), épossível realizar uma pauta de indicadores que certamente ajudarão na prevenção à violência.A percepção sobre determinados bairros como violentos leva a exclusõesimediatas, fechando também as possibilidades de trabalho e de emancipação do jovem e daspessoas moradoras no bairro – já dizia Amatya Sen que “ O lugar faz a diferença”. A226

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