10.07.2015 Views

MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

distinção entre ser honesto ou marginal é simplificada e está relacionada com o local demoradia, de maneira que uma sociedade excludente classifica como “marginais“ os pobres.Nas escolas, nos cursos, quando vão estudar em outro bairro, os jovens têm dificuldade deaceitação, e é preciso da parte deles um grande esforço para demonstrarem que não sãomarginais. Há muitos depoimentos nas pesquisas da Unesco que acusam essa discriminação,que também envolvem as políticas públicas.A fraca percepção de seus direitos por parte da população, leva-a a não recorrer àjustiça quando são lesadas ou são submetidas à violência. Muitas resolvem a situação comações pessoais ou terminam apoiando formas violentas de reação.O que tem comumente levado as pessoas à violência e a perder o sentido da vidacomo um Dom é a constatação de que o sentido do social não funciona. A cidade caótica einsegura, assassinatos e assaltos levam a uma grande angústia. A presença exacerbada daviolência questiona profundamente os paradigmas que até há muito pouco tempo eram pilaresestruturais de nossas sociedades: o espaço público pensado como o produto de um pactosocial, a idéia de cidadania baseada em noções de direito e respeito à pessoa, e o poder comoum campo articulado pelo Estado. O espaço público está quebrado por fenômenos, tais comoa privatização da segurança. O medo da violência nas cidades leva a novos padrões desegregação urbana que “geram novas formas de discriminação: a privatização da segurança ea reclusão de alguns grupos sociais fortificados e privados” (CALDEIRA, 2000). Um dospilares da noção de espaço público – sua distinção do privado – desmorona nesse âmbito e,por trás das novas muralhas, os meios de comunicação substituem a praça pública como foropolítico e como espaço de encontro (MARTIN-BARBERO, 2000). É muito fácil, a partir dasensação de caos, desordem e angústia que produz a experiência da violência, que o medo setorne ódio. Nesse momento é quando se cai em totalitarismos analíticos ou em soluçõesdrásticas, fanáticas, de um problema. É daí que se passa a identificar jovens pobres comomarginais.A exacerbação do eufemismo na linguagem e essa banalização da violência emsua repetição pelos meios de comunicação, pela fala dos policiais, agem como máscara domacabro que se constitui em um sintoma cotidiano do medo. Desse caos semântico alimentasea indiferença e a violência. Desse caos semântico alimentam-se os círculos do ódio. É oamplo campo da mimese e da máscara como estratégia para a violência. Outra questãoimportante é a narrativa da violência, como o mundo é ordenado a partir da vítima e a partirdo agressor: as marcas, os silêncios ou as narrativas excessivas com o reconto obsessivo sãoformas de interpretar a violência. A história do medo não se reescreve unicamente227

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!