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MOSAICO URBANO DO RECIFE - Fundação Joaquim Nabuco

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E é sobretudo nas regiões metropolitanas, como bem chama a atenção Maricato(1995), que é possível encontrar a face dramática da ocupação irracional do solo e daexclusão, principalmente porque essa situação atinge uma quantidade muito grande depessoas e onde o território se torna o cenário de profundas contradições e desigualdade.Reflexo disso encontra-se na realidade do Recife, a metrópole brasileira que apresenta a maiorproporção de moradores de favela em sua população (MARICATO, 1995). Esses dadoscolocam em evidência os processos de exclusão de longa data na capital pernambucana,traduzidos pelos dados do livro Mosaico Urbano do Recife.Essas tensões de exclusão/inclusão se evidenciam quando as partes de uma cidadesão analisadas dentro das urdiduras sociais presentes na diversidade de viver de seusterritórios ocupados. Nessa tensão, a relação exclusão/inclusão torna-se dialética. A situaçãode um estado interfere na condição do outro. Não são situações estáticas, mas processosheterogêneos e dinâmicos que se dão em um determinado território. São processos temporais,têm diversos graus e transitam de forma diferente ao longo do tempo, com várias faces. Sãomultidimensionais, porque envolvem diversos setores da vida humana. A dialética daexclusão/inclusão deve ser vista e interpretada como fruto das sociedades contemporâneasglobais, as quais passam por processos de transformação social muito rápidos e profundos.Esses processos põem em causa as teorias e os conceitos deterministas, utilizados na maioriadas vezes como modelos para diagnosticar e resolver crises sociais, como chama a atençãoBoaventura de Souza Santos (2001).A introdução do conceito de exclusão/inclusão em um diálogo com a abordagemsociológica e as técnicas da análise espacial torna-se uma ferramenta importante, porquepermite observar espacialmente essa tensão, de modo a facilitar ações públicas queminimizem esse drama visceralmente social da exclusão. Possibilita realizar um exercício decompreensão das desigualdades no território local e das tensões produtoras dessasdesigualdades. Quanto maior o esforço feito para uma aproximação com o território local, oumelhor, com as medidas intra-urbanas, mais as desigualdades internas se tornarão visíveis,como bem defende Sposati (2001) e Koga (2003). Igualmente, ainda, essa aproximação revelacomo os espaços foram planejados pelo modelo de concentração econômica, em que sãodeixados a periferia e os lugares de risco para quem não é considerado cidadão com direitos.O território é entendido pelo seu significado vivo expresso pelas pessoas que delese utilizam. A apropriação do território, ou o seu uso, aponta para uma dinâmica constituídapela relação intrínseca entre pessoas e espaço (SANTOS, 1997). Desse modo, pode-se dizer19

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