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o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti

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evolução — pois, de fato, há; mas vós tereis ultrapassado as fronteiras<br />

do t<strong>em</strong>po. O t<strong>em</strong>po já não será um meio de chegar a alguma<br />

parte, um meio de se alcançar gradualmente o Sublime, a mais elevada<br />

forma da criação. A o verificar-se essa “ expl<strong>os</strong>iva” realização<br />

da atenção total, o cérebro, s<strong>em</strong>pre muito ativo no afã de adquirir,<br />

torna-se quieto; essa quietude lhe é necessária para superar o processo<br />

do t<strong>em</strong>po.<br />

Notai que a tranqüilidade do cérebro faz parte da meditação.<br />

Não desejo discorrer agora sobre a meditação; fá-lo-<strong>em</strong><strong>os</strong> dentro <strong>em</strong><br />

pouco. Mas é preciso perceberm<strong>os</strong> a importância de term<strong>os</strong> o cérebro<br />

tranqüilo, pois isso significa ficar livre da estrutura psicológica<br />

da sociedade. A estrutura psicológica da sociedade é ainda animalística*;<br />

ela torna o cérebro ambici<strong>os</strong>o, ávido, invej<strong>os</strong>o, ciumento,<br />

apegado, e, <strong>em</strong> tais condições, o cérebro não conhece o amor. Podeis<br />

estreitar n<strong>os</strong> braç<strong>os</strong> um <strong>hom<strong>em</strong></strong> ou uma mulher, podeis casar-v<strong>os</strong>,<br />

segurar a mão de um amigo, fazer o que quer que seja, mas não<br />

haverá amor enquanto o cérebro ainda constituir uma parte do passado<br />

“ animalístico” , que constitui a estrutura psicológica da sociedade.<br />

A compreensão dessa estrutura, <strong>em</strong> nós mesm<strong>os</strong>, faz também<br />

parte da meditação; e, se chegardes até aí, descobrireis que, com<br />

aquela compreensão, se apresenta uma imensidade, um impulso criador<br />

que nada t<strong>em</strong> <strong>em</strong> comum com o escrever livr<strong>os</strong>, poesias, ou<br />

pintar quadr<strong>os</strong>, n<strong>em</strong> com nenhum d<strong>os</strong> absurd<strong>os</strong> e exigências infantis<br />

de uma sociedade <strong>em</strong> que tanto valor se atribui à fama. É uma criação<br />

que se verifica no imensurável — a culminância da existência.<br />

Mas, tal só será realizável quando a estrutura “ animalística” , a estrutura<br />

psicológica da sociedade tiver sido de todo rejeitada — significando<br />

isso que a mente, o cérebro, já não é ambici<strong>os</strong>a, apegada,<br />

dependente, já não deseja preencher-se, já não deseja ser alguém,<br />

já não busca o poder, a p<strong>os</strong>ição, o prestígio.<br />

Respondi à v<strong>os</strong>sa pergunta, senhor?<br />

O U VIN TE: Destes-me algo sobre que pensar.<br />

K RISH N A M U RTI: Não penseis nisso, senhor. Pensar sobre uma<br />

coisa implica t<strong>em</strong>po. Dizeis “ Não percebo isso agora, mas vou refletir<br />

a seu respeito n p<strong>os</strong>teriormente o perceberei” . O pensamento<br />

* Animalistic — relativo a animalism: conjunto das qualidades características<br />

d<strong>os</strong> animais. (Die. Webster). (N. do T.)<br />

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