o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
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c desejais continue, é meramente o reconhecimento de uma coisa já<br />
acabada; portanto, já não é silêncio.<br />
Isto é talvez um pouco complicado, e requer atenção de v<strong>os</strong>sa<br />
parte. O que estou dizendo é: o silêncio não pode ser “ experimentado”<br />
. “ Experimentar o silêncio” é uma coisa terrível. Que sugere<br />
essa experiência? Reconhecimento da coisa que experimentastes como<br />
silêncio e que é reação de v<strong>os</strong>sa m<strong>em</strong>ória. O pensamento reconhece<br />
o silêncio. E no momento <strong>em</strong> que o pensamento reconhece o silêncio,<br />
isso já não é silêncio; é algo pertencente ao passado, a que destes<br />
no presente o nome de “ silêncio” .<br />
Assim, para compreenderdes o que ê o silêncio, deveis estar<br />
livre da submissão e da limitação, livre da autoridade, livre das experiências<br />
de ont<strong>em</strong>, que acumulastes. Porque todas as experiências que<br />
acumulastes são condicionadas e ao mesmo t<strong>em</strong>po condicionantes;<br />
elas pertenc<strong>em</strong> ao passado e fortalec<strong>em</strong> o passado. Também, é necessária<br />
a terminação do pensador e do pensamento como duas entidades<br />
separadas, porque esta divisão faz surgir o <strong>conflito</strong> da dualidade.<br />
Então, se não estais a buscar o silêncio, se nenhuma experiência estais<br />
a exigir, porque compreendestes o inteiro significado da experiência<br />
— então, talvez, s<strong>em</strong> o perceberdes, o silêncio poderá vir.<br />
Só a mente “ inocente” é silenci<strong>os</strong>a. Alcançado esse estado, há, então,<br />
nesse silêncio, um movimento extraordinário, s<strong>em</strong> nenhum observador<br />
a observar o movimento; há só movimento, não há experimentador<br />
e, por conseguinte, não há experimentar. O t<strong>em</strong>po se tornou<br />
inexistente.<br />
Para a maioria de nós, isso é apenas informação e, portanto, s<strong>em</strong><br />
valor. O que t<strong>em</strong> valor é perceber o fato de que a autoridade, de<br />
qualquer espécie que seja, é destrutiva, seja autoridade da tradição,<br />
seja a do Salvador, do Mestre ou deste orador. Nós buscam<strong>os</strong> a<br />
autoridade porque desejam<strong>os</strong> certeza, não desejam<strong>os</strong> errar, quer<strong>em</strong><strong>os</strong><br />
fazer o que é correto, seguro, respeitável. E uma mente respeitável<br />
não é apenas uma mente “burguesa” , medíocre, mas também uma<br />
mente insensível e incapaz de estar de todo atenta. Quando há atenção<br />
completa, há virtude — não uma imitação de virtude, conforme<br />
a pratica a sociedade respeitável. A virtude é então algo novo, que<br />
se encontra tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> dias, ao virar de cada esquina. Vereis que há<br />
então um silêncio e, nesse silêncio, imensurável criação.<br />
Pergunta: Se v<strong>em</strong><strong>os</strong> as coisas como são, com atenção total, com<br />
percebimento s<strong>em</strong> escolha, que acontece <strong>em</strong> relação<br />
às várias formas de arte, principalmente aquelas que<br />
se relacionam com a palavra?<br />
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