o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
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Mas, quando a mente está quieta, o escutar e o ver nenhum esforço<br />
requer<strong>em</strong>. Se estais escutando realmente o que agora se está dizendo<br />
e, por conseguinte, compreendendo-o, vereis que o v<strong>os</strong>so escutar é<br />
desacompanhado de esforço.<br />
A revolução interior ou psicológica implica uma transformação<br />
completa, não só da mente consciente, mas também da inconsciente.<br />
Pode-se facilmente modificar o padrão externo de v<strong>os</strong>sa existência,<br />
ou v<strong>os</strong>sa maneira de pensar. Podeis deixar de pertencer a qualquer<br />
igreja que seja, ou podeis abandonar uma igreja para ingressar noutra.<br />
Podeis pertencer ou não pertencer a determinado partido político ou<br />
grupo religi<strong>os</strong>o. Tudo isso pode ser modificado pelas circunstâncias,<br />
por v<strong>os</strong>so medo, por v<strong>os</strong>so desejo de maior recompensa, etc. A mente<br />
superficial pode ser facilmente modificada, porém muito mais difícil<br />
é efetuar uma alteração no inconsciente — e aí é que se encontra<br />
o n<strong>os</strong>so probl<strong>em</strong>a. O inconsciente não pode ser alterado pela volição,<br />
pelo desejo, pela vontade. T<strong>em</strong><strong>os</strong> de abeirar-n<strong>os</strong> dele negativamente.<br />
O examinar negativamente a totalidade da consciência implica<br />
o ato de escutar; implica perceber <strong>os</strong> fat<strong>os</strong> s<strong>em</strong> a interferência de<br />
opiniões, juíz<strong>os</strong>, condenação. Por outras palavras, requer pensar negativo.<br />
A maioria de nós, por educação e experiência, está ac<strong>os</strong>tumada<br />
a ajustar-se, a obedecer, a seguir autoridades estabelecidas —<br />
autoridades morais, éticas, ideológicas. Mas o que aqui estam<strong>os</strong> examinando<br />
exige que não haja autoridade de espécie alguma; porque,<br />
assim que o indivíduo começa a investigar, já nenhuma autoridade<br />
existe. Cada momento é um descobrimento. E como é p<strong>os</strong>sível a<br />
mente descobrir quando está sujeita à autoridade, a suas anteriores<br />
experiências? Assim, o pensar negativo significa devassar n<strong>os</strong>sas<br />
crenças assertivas, dogmáticas, n<strong>os</strong>sas experiências, ansiedades, esperanças<br />
e t<strong>em</strong>ores; significa ver tudo isso negativamente, isto é, s<strong>em</strong><br />
o desejo de alterá-lo ou transcendê-lo, porém observando-o simplesmente,<br />
s<strong>em</strong> avaliação.<br />
Observar s<strong>em</strong> avaliação significa observar s<strong>em</strong> a palavra. Não<br />
sei se já tentastes alguma vez olhar uma coisa s<strong>em</strong> a palavra, o<br />
símbolo. A relação das palavras com aquilo que elas descrev<strong>em</strong><br />
constitui o pensamento, o qual é reação da m<strong>em</strong>ória; e olhar um<br />
fato, s<strong>em</strong> palavras, é olhá-lo s<strong>em</strong> a intervenção do pensamento.<br />
Experimentai-o, uma vez. A o sairdes daqui, nesta manhã, olhai<br />
para o verde vale, olhai as montanhas com <strong>seus</strong> capuzes de neve,<br />
ou escutai aquele rio s<strong>em</strong> nenhum pensamento — o que não significa<br />
estar dormindo. Não significa olhar com a mente “ <strong>em</strong> branco” . Pelo<br />
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