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o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti

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Não é algo para se fazer de manhã e esquecer no resto do dia —<br />

ou que deve ser l<strong>em</strong>brado e utilizado como guia de n<strong>os</strong>sa vida.<br />

Isso não é meditação.<br />

Meditação é o percebimento de cada pensamento, de cada sentimento,<br />

de cada ato, e esse percebimento só é p<strong>os</strong>sível quando não<br />

há condenação, n<strong>em</strong> julgamento, n<strong>em</strong> comparação. Vedes, simplesmente,<br />

cada coisa como é, e isso significa que estais cônscio de v<strong>os</strong>so<br />

condicionamento — tanto do consciente como do inconsciente —<br />

s<strong>em</strong> desfigurá-lo ou procurar alterá-lo. Vedes todas as “ resp<strong>os</strong>tas”<br />

(responses) , reações, opiniões, motiv<strong>os</strong>, ânsias, existentes <strong>em</strong> vós mesmo.<br />

Mas isso é apenas o começo.<br />

Se tendes mentalidade religi<strong>os</strong>a, deveis meditar. Deveis perceber<br />

v<strong>os</strong>s<strong>os</strong> sentiment<strong>os</strong>, ser sensível a cada movimento de v<strong>os</strong>so próprio<br />

pensamento — e isso não é concentração. A concentração é muito<br />

fácil. Qualquer colegial a aprende. Mas meditação não é absorver-se<br />

numa certa coisa. Quando uma criança se absorve num brinquedo,<br />

torna-se muito quieta, completamente identificada com o brinquedo.<br />

E isso é o que deseja a maioria de nós: absorver-n<strong>os</strong> <strong>em</strong> algo, identificar-n<strong>os</strong><br />

com um brinquedo, uma idéia, uma crença, um conceito.<br />

Mas isso não é meditação.<br />

A meditação é uma coisa que ultrapassa de muito esse infantil<br />

modo de pensar. Meditação é aquele estado de percepção <strong>em</strong> que<br />

existe atenção para cada pensamento e cada sentimento; e, <strong>em</strong> virtude<br />

dessa atenção, há silêncio — não o silêncio da disciplina, do controle.<br />

Silêncio produzido por meio de disciplina, de controle, é o silêncio<br />

da decomp<strong>os</strong>ição, da morte. Mas há um silêncio que v<strong>em</strong> à existência<br />

naturalmente, s<strong>em</strong> esforço algum, s<strong>em</strong> mesmo o perceberm<strong>os</strong> —<br />

quando há aquela atenção livre do “ experimentador” , do observador,<br />

do pensador. Esse silêncio, realmente, é a “inocência” , e nesse silêncio<br />

pode apresentar-se — s<strong>em</strong> o chamarm<strong>os</strong>, s<strong>em</strong> o procurarm<strong>os</strong> ou<br />

solicitarm<strong>os</strong> — o Desconhecido.<br />

PER GUNTA: Dissestes que para ficarm<strong>os</strong> livres do passado, do<br />

pensamento, t<strong>em</strong><strong>os</strong> de morrer, e que isso não era<br />

uma mera declaração verbal: que era necessário<br />

morrer realmente. Entendeis com isso que dev<strong>em</strong><strong>os</strong><br />

morrer fisicamente?<br />

KRISHNAM URTI: É difícil morrer, mesmo fisicamente, porque estam<strong>os</strong><br />

sobr<strong>em</strong>odo apegad<strong>os</strong> ao físico. Mas eu não me refiro à morte<br />

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