o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
conduzir um carro, preciso adquirir a técnica de “ acionar o arranque”<br />
, fazer as “ mudanças” , etc.; tenho de praticar cada uma dessas<br />
coisas até fazê-la des<strong>em</strong>baraçadamente, com naturalidade, e isso importa<br />
hábito. Mas nós não estam<strong>os</strong> falando a respeito d<strong>os</strong> hábit<strong>os</strong><br />
mecânic<strong>os</strong> inerentes à prática de uma técnica. Referimo-n<strong>os</strong> ao mecanismo<br />
mental formador de hábit<strong>os</strong>.<br />
PER G U N TA: Podeis dizer mais alguma coisa acerca d<strong>os</strong> hábit<strong>os</strong><br />
inconscientes?<br />
KRISH NAM URTI: Em geral não estam<strong>os</strong> inteirad<strong>os</strong> de n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> hábit<strong>os</strong><br />
e, por isso, eles se tomaram inconscientes. No momento <strong>em</strong><br />
que perceb<strong>em</strong><strong>os</strong> um hábito, arrancamo-lo do inconsciente, não é verdade?<br />
Se, toda vez que hesito a respeito de uma coisa, coço a cabeça,<br />
s<strong>em</strong> saber que o estou fazendo, se esse ato é automático e dele não<br />
estou ciente, então, obviamente, trata-se de um hábito inconsciente.<br />
Mas, desde que me tomo plenamente cônscio desse hábito e não resisto<br />
a ele, mas me limito a observá-lo, então foi ele “ arrancado”<br />
do inconsciente.<br />
Ora, é porque <strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> hábit<strong>os</strong>, <strong>em</strong> regra, são inconscientes,<br />
que nós não <strong>os</strong> destruím<strong>os</strong>. Se estam<strong>os</strong> ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> a conduzir um<br />
carro, ligam<strong>os</strong> o motor instintivamente e acionam<strong>os</strong> a alavanca de<br />
“mudança” , s<strong>em</strong> a isso aplicar nenhuma reflexão. Esse é o hábito<br />
inerente à técnica; mas, <strong>em</strong> geral, estam<strong>os</strong> igualmente inconscientes<br />
de como proced<strong>em</strong><strong>os</strong> com <strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> s<strong>em</strong>elhantes. A o percorrerm<strong>os</strong><br />
uma rua muito movimentada, não notam<strong>os</strong> quando <strong>em</strong>purram<strong>os</strong> alguém,<br />
etc. A questão, pois, é de como n<strong>os</strong> tomarm<strong>os</strong> plenamente<br />
cônsci<strong>os</strong> de tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> hábit<strong>os</strong>, “ animalístic<strong>os</strong>” e cult<strong>os</strong>, que <strong>em</strong> parte<br />
n<strong>os</strong> foram imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> pela sociedade e <strong>em</strong> parte nós mesm<strong>os</strong> cultivam<strong>os</strong>,<br />
inconscient<strong>em</strong>ente. Como <strong>em</strong>preendereis esse trabalho?<br />
Um indivíduo é hinduísta, cristão, al<strong>em</strong>ão, russo, suíço, americano,<br />
etc., com o respectivo conjunto de hábit<strong>os</strong>, do qual comumente<br />
está inconsciente. E como poderá o indivíduo perceber esse<br />
condicionamento? Como podereis dar-v<strong>os</strong> conta do inconsciente, onde<br />
se encontra essa imensa série de hábit<strong>os</strong> não revelad<strong>os</strong>? Como<br />
cientificar-v<strong>os</strong> do padrão inconsciente que <strong>em</strong> vós se acha profundamente<br />
enraizado? Ireis procurar um psicanalista, pagando-lhe cinqüenta<br />
dólares ou c<strong>em</strong> libras, ou qualquer que seja o preço, para<br />
que ele v<strong>os</strong> “ arranque” o padrão do inconsciente? Isso adiantará?<br />
Ou vós mesm<strong>os</strong> v<strong>os</strong> analisareis?<br />
137