o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
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se deve fazer e o que se não deve fazer. Se sois rico ou r<strong>em</strong>ediado,<br />
podeis procurar um analista; mas nenhum agente externo, nenhum<br />
esforço pode libertar-v<strong>os</strong> do sofrimento ou do medo. O que traz a<br />
liberdade é a atenção, que significa olhar o fato face-a-face, de dentro<br />
do vazio, e ver as coisas tais como são, s<strong>em</strong> desfigurá-las. Nesse<br />
estado de atenção se apresenta uma “inocência” que é virtude, que<br />
é humildade.<br />
Agora, talvez desejeis fazer algumas perguntas. E permiti-me<br />
sugerir façais perguntas pertinentes à matéria que estam<strong>os</strong> versando.<br />
Não pergunteis, por ex<strong>em</strong>plo, como evitar a guerra. Poder<strong>em</strong><strong>os</strong> tratar<br />
disso noutra ocasião. Não pergunteis o que se deve fazer <strong>em</strong> relação<br />
à bomba atômica, ou se é acertado ou desacertado aderir ao Mercado<br />
Comum Europeu. Vede, cada um de nós t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as; estam<strong>os</strong><br />
chei<strong>os</strong> de probl<strong>em</strong>as. Tudo o que tocam<strong>os</strong> com a mão, com a mente<br />
ou o coração, se torna um probl<strong>em</strong>a. E quando fazeis uma pergunta<br />
a respeito de um probl<strong>em</strong>a, por certo esperais uma resp<strong>os</strong>ta. Mas não<br />
há resp<strong>os</strong>ta separada do próprio probl<strong>em</strong>a. O importante não é descobrir<br />
a solução de um probl<strong>em</strong>a, mas, sim, impedir que surjam probl<strong>em</strong>as.<br />
Um <strong>hom<strong>em</strong></strong> que está doente deseja restabelecer-se, e há médic<strong>os</strong><br />
para o tratar<strong>em</strong>. Mas há também médic<strong>os</strong> que trabalham para<br />
evitar as doenças, e isso é muito mais importante do que curar sintomas.<br />
Infelizmente, <strong>em</strong> geral desejam<strong>os</strong> apenas ser curad<strong>os</strong> d<strong>os</strong><br />
sintomas. Não sab<strong>em</strong><strong>os</strong> evitar que o probl<strong>em</strong>a surja. Há grande<br />
beleza, grande sensibilidade <strong>em</strong> estar cônscio de cada probl<strong>em</strong>a tão<br />
logo se apresenta, tratar dele imediatamente, liquidá-lo no mesmo<br />
instante, de modo que não seja “ transportado” para o dia imediato.<br />
Isso se pode fazer, não tomando uma droga ou procurando esquecer<br />
ou fugir do probl<strong>em</strong>a, porém simplesmente percebendo que o probl<strong>em</strong>a,<br />
qualquer que seja, não t<strong>em</strong> solução separada dele próprio. Refiro-me<br />
a<strong>os</strong> probl<strong>em</strong>as psicológic<strong>os</strong>, e não a<strong>os</strong> probl<strong>em</strong>as mecânic<strong>os</strong>.<br />
Quando se considera um probl<strong>em</strong>a com atenção total, extingue-se o<br />
probl<strong>em</strong>a.<br />
Pergunta: A plena atenção é tão essencial <strong>em</strong> relação às coisas<br />
agradáveis, como <strong>em</strong> relação às coisas desagradáveis<br />
e dolor<strong>os</strong>as?<br />
KRISH N AM URTI: Vede, desejam<strong>os</strong> dar continuidade às coisas agradáveis.<br />
Volv<strong>em</strong><strong>os</strong> com a m<strong>em</strong>ória às alegrias da meninice, a prazeres<br />
outrora fruíd<strong>os</strong>, ou n<strong>os</strong> apegam<strong>os</strong> àquilo que no momento estam<strong>os</strong><br />
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