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A HUMILDADE E O ESTADO DE APRENDER<br />
(SAANEN — X)<br />
Penso que tod<strong>os</strong> nós estam<strong>os</strong> cientes das extraordinárias transformações<br />
exteriores ocorrentes no mundo, mas são b<strong>em</strong> pouc<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />
que se transformam intimamente. Ou seguim<strong>os</strong> um certo padrão de<br />
pensamento estabelecido por outr<strong>em</strong>, ou criam<strong>os</strong> n<strong>os</strong>sa própria estrutura<br />
ideológica, dentro da qual ficam<strong>os</strong> funcionando. E a maioria de<br />
nós acha dificílimo libertar-se desse padrão “ conceituai” . Viv<strong>em</strong><strong>os</strong> passando<br />
de conceito para conceito, de idéia para idéia, e pensam<strong>os</strong> que<br />
esse movimento é transformação; mas, como qualquer um pode ver<br />
se o observar atentamente, isso, <strong>em</strong> verdade, não é transformação<br />
nenhuma. O pensamento não pode produzir transformações profundas.<br />
O pensamento pode ser a causa de cert<strong>os</strong> ajustament<strong>os</strong> superficiais,<br />
poderá criar um novo padrão e a ele se ajustar, mas interiormente não<br />
se verifica nenhuma transformação significativa: som<strong>os</strong>, e provavelmente<br />
continuar<strong>em</strong><strong>os</strong> a ser, o que s<strong>em</strong>pre fom<strong>os</strong>. Esses ajustament<strong>os</strong><br />
exteriores correspond<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre à n<strong>os</strong>sa instabilidade interior, n<strong>os</strong>sa<br />
interior incerteza, n<strong>os</strong>so interior sentimento de medo, e à n<strong>os</strong>sa ânsia<br />
de fugir d<strong>os</strong> recant<strong>os</strong> escur<strong>os</strong> e inexplorad<strong>os</strong> de n<strong>os</strong>sa mente.<br />
Se me é permitido, peço encarecidamente àqueles que estão tomando<br />
notas, não o façam. Não estais aqui para coligir idéias. Não<br />
estam<strong>os</strong> trabalhando com idéias; pelo contrário, estamo-las destruindo.<br />
Apenas destruím<strong>os</strong> o padrão que n<strong>os</strong>sa mente insignificante elaborou<br />
para sua própria segurança. Assim, deixai-me sugerir-v<strong>os</strong>, respeit<strong>os</strong>amente,<br />
que não tomeis notas, porém, antes, experimenteis realmente,<br />
vivais o que se está dizendo; e, para isso, deveis escutar com naturalidade,<br />
com aprazimento e viveza, s<strong>em</strong> nenhum esforço. Não digo que<br />
deveis concordar — já diss<strong>em</strong><strong>os</strong> tudo o que era necessário a esse<br />
respeito, e não desejo repeti-lo.<br />
Nesta manhã desejo examinar uma coisa que sinto ser muito importante,<br />
mas penso que primeiramente dev<strong>em</strong><strong>os</strong> compreender que o<br />
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