o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
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o que ont<strong>em</strong> aconteceu, se fui ofendido, se senti ciúme, se fui insultado<br />
— se extirpei tudo isso completamente, há então sentimento do<br />
t<strong>em</strong>po, sentimento de passado e futuro?<br />
Vede, o t<strong>em</strong>po é experiência. A l<strong>em</strong>brança do prazer e da dor<br />
que tiv<strong>em</strong><strong>os</strong>, a exigência de preenchimento, de realização, de “vir<br />
a ser” alguém — tudo isso implica o t<strong>em</strong>po. E é uma questão realmente<br />
complexa, pois <strong>em</strong> geral o t<strong>em</strong>po n<strong>os</strong> é muito importante. Não<br />
me refiro ao t<strong>em</strong>po cronológico, o t<strong>em</strong>po medido pelo relógio, mas<br />
à estrutura t<strong>em</strong>poral criada pela psique, pelo pensamento; e isso<br />
sugere a questão relativa ao cultivo da m<strong>em</strong>ória.<br />
Conforme sugere aquele cavalheiro, t<strong>em</strong> de haver t<strong>em</strong>po enquanto<br />
houver um centro de onde experimentam<strong>os</strong>. Enquanto houver<br />
esse centro — um centro condicionado que reage a cada desafio,<br />
consciente ou inconsciente — não pode haver nenhum momento de<br />
criação. Quer sejais músico, pintor, cientista, químico, quer sejais uma<br />
pessoa simples, s<strong>em</strong> especiais habilitações — não sei se alguma vez<br />
já observastes, <strong>em</strong> vós mesmo, esta coisa extraordonária: que, quando<br />
a mente está completamente quieta, quando o pensamento cessou<br />
inteiramente, quando não há mais movimento de ida-e-vinda, cont<strong>em</strong>plação<br />
do passado ou do futuro — nesse momento de quietude<br />
se conhece algo inteiramente novo.<br />
Mas essa “novidade” não é para ser reconhecida como o novo.<br />
Desde que reconheceis o novo, ele já se tomou velho, já não é “ o<br />
novo” . Nesse instante a pessoa precisa ficar — “ficar” , não, esta<br />
palavra é inadequada — a pessoa precisa ser, s<strong>em</strong> voltar para trás<br />
n<strong>em</strong> saltar para a frente, s<strong>em</strong> nenhuma idéia do t<strong>em</strong>po. Tentai isso<br />
uma vez — “ tentai” , não, esta palavra é também inadequada. “ Tentar”<br />
implica “ t<strong>em</strong>po intermediário” , e isso é absurdo. Não há nada<br />
que tentar, uma vez que não há “ t<strong>em</strong>po intermediário” . Ou t<strong>em</strong><strong>os</strong><br />
“ o novo” , ou não o t<strong>em</strong><strong>os</strong>. E “ o novo” está presente, com extraordinária<br />
vitalidade, espant<strong>os</strong>a potência, ao compreenderdes, no seu todo,<br />
o processo da experiência, do conhecimento, do buscar.<br />
Espero v<strong>os</strong> estejais esforçando tanto quanto eu.<br />
PERGUNTA: Essa energia de que falais é limitada pela saúde<br />
física?<br />
KRISH NAM URTI: Em parte, não inteiramente. Naturalmente, a<br />
saúde física é necessária. Se sofreis constant<strong>em</strong>ente dores torturantes,<br />
v<strong>os</strong>sa energia se dissipa com isso. Qu<strong>em</strong> conheceu a dor pode saber<br />
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