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o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti

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dições, ela pode concentrar-se s<strong>em</strong> exclusão de nada; mas qu<strong>em</strong><br />

apenas aprendeu a concentrar-se não pode estar atento. Esse estado<br />

de atenção s<strong>em</strong> resistência, s<strong>em</strong> <strong>conflito</strong>, s<strong>em</strong> se forçar a mente num<br />

canal predeterminado, é absolutamente necessário. E quando tiverdes<br />

atingido esse ponto, vereis por vós mesm<strong>os</strong> com que facilidade e<br />

suavidade se toma existente o silêncio da mente.<br />

O silêncio que nós geralmente buscam<strong>os</strong> é o silêncio do declínio<br />

e da morte. A chamada “paz” alcançada pel<strong>os</strong> monges e outr<strong>os</strong> que<br />

se retiraram do mundo é, <strong>em</strong> geral, uma condição de completa insensibilidade,<br />

um estado de <strong>em</strong>botamento. Eles de fato experimentam<br />

um certo silêncio mental, mas é o silêncio morto da “ exclusão” . Já<br />

o silêncio a que me refiro é um estado de atenção <strong>em</strong> que se perceb<strong>em</strong><br />

tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> sons, tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> moviment<strong>os</strong>, todas as variações do<br />

pensamento e do sentimento.<br />

Se existe um “ experimentador” ou “ observador” do silêncio,<br />

não há silêncio, porém algo “ projetado” pela mente. No silêncio<br />

completo, não há “ experimentador do silêncio” , mas, sim, um estado<br />

de atenção <strong>em</strong> que ouvim<strong>os</strong> o avião a sobrevoar-n<strong>os</strong>, o tr<strong>em</strong> que<br />

passa, e ao mesmo t<strong>em</strong>po a mente está atenta ao que se diz; ela<br />

observa, escuta tudo. Desse imenso silêncio <strong>em</strong> que a mente já nada<br />

busca, espera, deseja, exige, provém um movimento que é criação<br />

at<strong>em</strong>poral, inexprimível. Não é a criação do escritor, do pintor, do<br />

músico, porém algo que transcende tudo isso. Essa criação é energia<br />

— energia que é morte, energia que é amor — e nela não há começo<br />

n<strong>em</strong> fim. Ela só se manifesta pelo autoconhecimento, e esse processo,<br />

no seu todo, é meditação.<br />

Espero não estejais sendo hipnotizad<strong>os</strong> por minhas palavras.<br />

Com profunda investigação interior e pondo de parte, rigor<strong>os</strong>amente,<br />

toda a v<strong>os</strong>sa mediocridade, inveja, avidez, desejo de fama — morrendo<br />

para toda espécie de técnica ou habilidade que houverdes<br />

adquirido, de modo que não sejais ninguém — sabereis então, por<br />

vós mesm<strong>os</strong>, o que é criação. Mas se apenas estais sendo influenciad<strong>os</strong><br />

por outr<strong>em</strong>, então, isso não é meditação.<br />

PERGUNTA: A inocência que tendes descrito difere da<br />

meditação?<br />

KRISH NAM URTI: Em algumas de n<strong>os</strong>sas reuniões, aqui, tive ocasião<br />

de falar a respeito do estado de “inocência” . Disse que a mente<br />

inocente é aquela que não está aprisionada na estrutura psicológica<br />

da sociedade e, por conseguinte, se acha livre de <strong>conflito</strong>; sobre ela<br />

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