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A LIBERTAÇÃO DO MEDO<br />
(SAANEN — VI)<br />
Desejo nesta manhã falar de um assunto talvez pouco familiar<br />
a alguns de vós, ou seja a questão de “ esvaziar” a mente do medo.<br />
Examiná-lo-ei com certa profundeza, mas não minuci<strong>os</strong>amente, pois<br />
cada um pode, por si próprio, cuidar d<strong>os</strong> detalhes.<br />
Mas, antes de entrarm<strong>os</strong> na matéria, precisam<strong>os</strong> saber o que se<br />
entende por “ aprender” , “ madureza” e “ autoconhecimento” . Essas<br />
não são meras palavras, simples conceit<strong>os</strong>, cujo significado pode ser<br />
facilmente apreendido. O penetrar as palavras e perceber-lhes o real<br />
significado requer grande d<strong>os</strong>e de compreensão. Por “ compreensão”<br />
entendo aquele estado s<strong>em</strong> esforço, no qual a mente está consciente,<br />
livre de obstácul<strong>os</strong>, livre de tendências, s<strong>em</strong> nenhuma luta para compreender<br />
<strong>os</strong> dizeres do orador. O que o orador está dizendo t<strong>em</strong>, por<br />
si só, pouca significação. O verdadeiramente importante é que a<br />
mente esteja tão perceptiva, e s<strong>em</strong> esforço algum, que se ache constant<strong>em</strong>ente<br />
num “ estado de compreensão” . Se não compreend<strong>em</strong><strong>os</strong><br />
e apenas n<strong>os</strong> limitam<strong>os</strong> a ouvir palavras, ao sairm<strong>os</strong> daqui levam<strong>os</strong><br />
con<strong>os</strong>co, invariavelmente, uma série de conceit<strong>os</strong> ou idéias, com a<br />
qual estabelec<strong>em</strong><strong>os</strong> um padrão a que tentam<strong>os</strong> ajustar-n<strong>os</strong> <strong>em</strong> n<strong>os</strong>sa<br />
vida diária ou n<strong>os</strong>sa “ chamada” vida espiritual.<br />
Ora, o que desejo fazer nesta manhã é coisa b<strong>em</strong> diferente. Desejo<br />
que estejam<strong>os</strong>, desde o começo, nesse estado de percebimento<br />
livre de esforço, de modo que junt<strong>os</strong> p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong> penetrar a fundo<br />
no sentimento, no significado fundamental das palavras.<br />
Não há o “movimento do aprender” quando há aquisição de<br />
conheciment<strong>os</strong>; as duas coisas são incompatíveis, contraditórias. O<br />
“movimento do aprender” implica um estado <strong>em</strong> que a mente não<br />
t<strong>em</strong>, guardada como conhecimento, nenhuma experiência. O conhe<br />
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