10.04.2017 Views

o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O necessário é esse extraordinário estado de atenção, no qual<br />

olhais e escutais, s<strong>em</strong> decisão, s<strong>em</strong> motivo, s<strong>em</strong> finalidade — e isso<br />

é, realmente, atenção s<strong>em</strong> escolha. E o conhecer-v<strong>os</strong> não é um processo<br />

de adição. É verdes a vós mesmo como sois: colérico, ciumento,<br />

lúbrico, invej<strong>os</strong>o — é observar simplesmente o fato; e essa observação<br />

s<strong>em</strong> análise revela todo o conteúdo do fato, e não tendes de fazer<br />

nenhum esforço para descobri-lo. No momento <strong>em</strong> que fazeis esforço<br />

para analisar, para compreender, estais desfigurando a realidade; estais<br />

pondo <strong>em</strong> função o v<strong>os</strong>so condicionamento, como analista, como<br />

cristão, como isto ou aquilo.<br />

Como disse, o conhecer a si próprio não é processo de adição<br />

ou acumulação. No momento <strong>em</strong> que acumulais conheciment<strong>os</strong> a<br />

v<strong>os</strong>so respeito, eles dificultam a percepção. Quando v<strong>os</strong> olhais através<br />

de uma cortina de conheciment<strong>os</strong> que acumulastes acerca de vós<br />

mesmo, há desfiguração daquilo que vedes.<br />

Espero esteja claro isso, pois este ponto é muito importante. A<br />

maioria de nós acumula; acumulam<strong>os</strong> virtudes, riquezas, desej<strong>os</strong>,<br />

experiências, idéias, e, com essa carga acumulada, t<strong>em</strong><strong>os</strong> novas experiências.<br />

Desse modo, tudo o que experimentam<strong>os</strong> fica condicionado<br />

pelo conhecimento ou experiência anteriormente adquirida. Toda experiência<br />

já foi provada, conhecida; por conseguinte não há nada<br />

novo.<br />

Outro dia estive falando sobre a morte. Precisais morrer para<br />

todo o conhecimento que tendes acerca de vós, porque o “ eu” jamais<br />

é estático, está s<strong>em</strong>pre variando, não só física, mas também<br />

psicologicamente. Não sois o que ont<strong>em</strong> f<strong>os</strong>tes, <strong>em</strong>bora o desejásseis<br />

ser; operou-se uma mudança, da qual podeis não estar ciente.<br />

Para conhecer-v<strong>os</strong> — e deveis conhecer-v<strong>os</strong> completamente, de<br />

ponta a ponta — o processo de acumular conhecimento sobre vós<br />

mesmo deve terminar; e esse término só pode verificar-se quando<br />

deixardes de julgar, de avaliar, de condenar, de justificar. Isso parece<br />

muito simples, mas para a maioria de nós não é, porque fom<strong>os</strong> exercitad<strong>os</strong><br />

para condenar, julgar, avaliar, comparar, justificar. Tal é<br />

n<strong>os</strong>so condicionamento. E o ver as coisas claramente como são, s<strong>em</strong><br />

a desfiguração causada por n<strong>os</strong>so condicionamento, não é questão<br />

de t<strong>em</strong>po; é uma questão de imediata necessidade. É óbvio que não<br />

podeis ver o que o fato realmente é, se para v<strong>os</strong>so exame trazeis<br />

todas as v<strong>os</strong>sas l<strong>em</strong>branças e opiniões. Se isto está claro, não apenas<br />

verbal ou intelectualmente, porém realmente, poder<strong>em</strong><strong>os</strong> continuar<br />

com uma investigação do inconsciente.<br />

51

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!