o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O que chamam<strong>os</strong> “ pensamento” dá à mente a idéia da continuidade<br />
— e eis o que é “ t<strong>em</strong>po psicológico” , porquanto todo pensamento<br />
resulta de n<strong>os</strong>so condicionamento, n<strong>os</strong>sa m<strong>em</strong>ória, n<strong>os</strong>sa<br />
experiência. Todo desafio provoca uma “ resp<strong>os</strong>ta” desse fundo, e<br />
essa resp<strong>os</strong>ta é o pensamento “ <strong>em</strong> ação” , por conseguinte, não há<br />
espontaneidade, jamais há “ resp<strong>os</strong>ta” que esteja livre do passado.<br />
Mas, quando t<strong>em</strong> fim o n<strong>os</strong>so pensamento, n<strong>os</strong>sa avidez, n<strong>os</strong>sa inveja,<br />
n<strong>os</strong>sa ambição e sede de poder, toda a estrutura psicológica da<br />
sociedade, que constitui o “eu” — quando tudo isso termina, s<strong>em</strong><br />
motivo algum, a mente se acha num estado de “ não saber” , completamente<br />
vazia; e só então há morte.<br />
Que sucede, na realidade, quando morreis fisicamente? Deixais<br />
tudo para trás; nada podeis levar conv<strong>os</strong>co. Não importa quant<strong>os</strong><br />
motiv<strong>os</strong> tenhais para viver, com a morte não se discute. Não podeis<br />
dizer à morte: “Ainda preciso fazer isto e aquilo, dai-me mais um<br />
mês, mais um ano” . Quando a morte chega, ela lá está, absoluta, per<strong>em</strong>ptória.<br />
Podeis crer na reencarnação ou noutra forma de ressurreição,<br />
no futuro, mas todas as crenças são irrelevantes ao terdes<br />
pela frente o fato da morte. E se, interiormente, morrerdes para a<br />
estrutura psicológica da sociedade, para todas as acumulações do<br />
passado, podereis ver que a morte é criação — não a criação do<br />
escritor, do músico, do pintor, do cientista, porém criação que não<br />
t<strong>em</strong> começo n<strong>em</strong> fim. E, se não estam<strong>os</strong> nesse estado de criação,<br />
que ê morte, que é amor, n<strong>os</strong>sa vida pouco significa.<br />
Por conseguinte, não tomeis o que estou dizendo por uma certa<br />
fil<strong>os</strong>ofia lógica ou superlógica, mas penetrai realmente <strong>em</strong> vós mesmo,<br />
comprçendendo-v<strong>os</strong> completamente. Negai totalmente tudo o<br />
que até agora considerastes vida — v<strong>os</strong>sas experiências, v<strong>os</strong>sa ambição,<br />
v<strong>os</strong>sa avidez, v<strong>os</strong>sa inveja — e vereis que nesse findar se<br />
encoptra uma morte que é “ criação at<strong>em</strong>poral” e que, se desejardes<br />
dar-lhe nome diferente, se pode chamar “Deus” , o “ imensurável” , o<br />
“ desçonhecido” .<br />
Desejais fazer perguntas sobre este assunto?<br />
PER G U N TA: Não deveríam<strong>os</strong> guardar silêncio por alguns<br />
minut<strong>os</strong>?<br />
K RISH N A M U RTI: Os senhores não estavam <strong>em</strong> silêncio enquanto<br />
escutavam? Não se mantinham atent<strong>os</strong>, vigilantes? E quando uma<br />
pessoa está atenta, vigilante, há um silêncio de peculiar qualidade. O<br />
165