o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Sc morrerdes para o “ conhecido” , a imag<strong>em</strong> de v<strong>os</strong>sa esp<strong>os</strong>a,<br />
v<strong>os</strong>so marido, v<strong>os</strong>so filho, para as l<strong>em</strong>branças de tudo o que fizestes<br />
junt<strong>os</strong>, que v<strong>os</strong> restará? Nada, não é verdade? E é o conhecimento<br />
consciente ou inconsciente desse fato que v<strong>os</strong> faz medo. “Ficar s<strong>em</strong><br />
mída” é um estado brutal, e a maioria de nós não deseja passar por<br />
esse estado; mas ele é a morte. Pouquíssim<strong>os</strong> são capazes de passar<br />
por esse estado, porque a mente t<strong>em</strong> tanto medo, está tão condicionada<br />
por seu próprio t<strong>em</strong>or, por suas próprias ansiedades. Mas se<br />
chegam<strong>os</strong> até aí, encontram<strong>os</strong> o “ desconhecido” , um movimento fora<br />
d<strong>os</strong> limites do t<strong>em</strong>po, fora do pensamento e do padrão “ conceituai”<br />
da existência. É muito difícil descrever esse estado. Mas, se a ele<br />
chegardes, passareis a viver de instante <strong>em</strong> instante, — não aceitando<br />
o momento com todas as suas ilusões, prazeres e desprazeres, mas<br />
vivendo s<strong>em</strong> conhecer o próximo momento, por conseguinte com<br />
uma extraordinária visão da imensidade.<br />
PER GU N TA: Por que é tão difícil viver s<strong>em</strong> a “fome de ser” ?<br />
KRISHNAM URTI: Senhor, não faríeis esta pergunta se tivésseis<br />
escutado o que antes se disse. Estam<strong>os</strong> s<strong>em</strong>pre fazendo isso. Alguém<br />
faz uma pergunta, e de tal maneira estam<strong>os</strong> absorvid<strong>os</strong> <strong>em</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong><br />
própri<strong>os</strong> probl<strong>em</strong>as, que n<strong>em</strong> prestam<strong>os</strong> atenção. Se tivésseis escutado<br />
a pergunta relativa à morte, teríeis respondido por vós mesmo<br />
à presente pergunta: Por que é tão difícil viver s<strong>em</strong> a “ fome de ser”<br />
ou “vir a ser” ?<br />
Há fome de ser, fome de publicidade ou fama, fome de tornarse<br />
alguém, neste mundo ou no chamado mundo espiritual, fome de<br />
pão, fome de sexo, etc. E já tentastes alguma vez abandonar qualquer<br />
dessas “fomes” ? Já tentastes alguma vez abandonar algo que<br />
v<strong>os</strong> proporciona prazer, ou que se tornou um hábito — abandoná-lo,<br />
simplesmente? Muit<strong>os</strong> fumam, dentre vós. É um hábito comum. Já<br />
tentastes abandonar esse hábito, para ele morrendo, s<strong>em</strong> esforço, s<strong>em</strong><br />
compulsão, s<strong>em</strong> a batalha que começa quando diz<strong>em</strong><strong>os</strong> “ Eu não<br />
devo. . . ” ? Como enfrentais esse hábito — se o fazeis?<br />
Eu não fumo, mas conheço muita gente que fuma e para qu<strong>em</strong><br />
isso se tomou um hábito tirânico. Se não quer<strong>em</strong> abandoná-lo, está<br />
muito b<strong>em</strong>. Não há probl<strong>em</strong>a nenhum. Mas, se eu desejo abandonar<br />
um hábito já inveterado, que devo fazer? P<strong>os</strong>so abandoná-lo s<strong>em</strong> esforço,<br />
deixá-lo simplesmente “ cair” de mim? Se recorro ao esforço<br />
para abandonar um hábito, b<strong>em</strong> sabeis o que acontece: começa uma<br />
67