o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
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KRISH N AM U RTI: Senhor, esta é uma das coisas mais perig<strong>os</strong>as<br />
que se pode fazer. Estais sentad<strong>os</strong> aqui, reunid<strong>os</strong>, há uma hora, a<br />
escutar e é de supor que, durante esse escutar, permanecestes <strong>em</strong><br />
silêncio. Senão estivestes <strong>em</strong> silêncio durante essa hora, ou mesmo por<br />
alguns minut<strong>os</strong>, no ato de escutar, então o permanecerm<strong>os</strong> tranqüil<strong>os</strong>,<br />
tod<strong>os</strong> junt<strong>os</strong>, para experimentarm<strong>os</strong> o silêncio só poderá levarn<strong>os</strong><br />
a várias formas de ilusão. O silêncio é difícil e árduo, não é<br />
um entretenimento. Não é coisa que se p<strong>os</strong>sa experimentar pela leitura<br />
de um livro, pelo ouvir uma palestra, ou pelo ficar sentado junto<br />
com outr<strong>os</strong>, ou pelo retirar-se para uma floresta ou um m<strong>os</strong>teiro.<br />
Eu diria que nenhuma dessas coisas pode produzir esse silêncio. Esse<br />
silêncio exige intenso trabalho psicológico. Tendes de estar “ ardent<strong>em</strong>ente<br />
cônscio” — cônscio de v<strong>os</strong>so falar, cônscio de v<strong>os</strong>so sentimento<br />
de classe, cônscio de v<strong>os</strong>s<strong>os</strong> t<strong>em</strong>ores, v<strong>os</strong>sas ansiedades, v<strong>os</strong>so<br />
sentimento de culpa. E quando morrerdes para tudo isso, então, sim,<br />
desse morrer virá a beleza do silêncio.<br />
PERGUNTA: Qual a diferença entre meditação e cont<strong>em</strong>plação?<br />
KRISH NAM URTI: Em primeiro lugar, que entendeis por “ cont<strong>em</strong>plação”<br />
? Se cont<strong>em</strong>plação supõe uma entidade que está tentando<br />
cont<strong>em</strong>plar, tentando focar a própria mente, então a cont<strong>em</strong>plação<br />
é a mesma coisa que a chamada meditação <strong>em</strong> que há um “ meditador”<br />
a tentar obter um certo resultado. Uma pessoa pode “ meditar” ,<br />
com toda regularidade, com o fim de se tornar tranqüila, com o<br />
fim de “ realizar” Deus, mas isso não é meditação, não é cont<strong>em</strong>plação.<br />
Enquanto há observador, pensador, “ experimentador” , não<br />
há p<strong>os</strong>sibilidade de meditação. Meditação não é coisa que se p<strong>os</strong>sa<br />
aprender de um livro e depois praticar por alguns an<strong>os</strong>; ela não é<br />
questão de disciplina. Em regra, de tanto disciplinarm<strong>os</strong> a n<strong>os</strong>sa<br />
mente estam<strong>os</strong> mort<strong>os</strong> e, dentro desse padrão, procuram<strong>os</strong> meditar.<br />
O importante é a quebra do padrão; e a quebra do padrão é o começo<br />
da meditação.<br />
PERGUNTA: Com o é p<strong>os</strong>sível ficarm<strong>os</strong> plenamente conscientes,<br />
quando n<strong>os</strong> acham<strong>os</strong> ocupad<strong>os</strong> com um dado<br />
trabalho?<br />
KRISHNAMURTI: Não vejo nenhuma dificuldade. Por que não se<br />
pode ficar intensamente cônscio enquanto se faz um trabalho? Quer<br />
ti liabalho seja mecânico, quer seja científico ou burocrático, se esta