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o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti

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tio inconsciente, e muito men<strong>os</strong> transcendê-lo, tereis então de abeirar-v<strong>os</strong><br />

do inconsciente de maneira negativa — quer dizer, totalmente.<br />

Já explico o que quero dizer.<br />

Espero não v<strong>os</strong> seja d<strong>em</strong>asiado difícil o que estou dizendo. Não<br />

estou agora tomando uma atitude condescendente, ou professoral,<br />

ou superior — nada disso. Mas é provável que a maioria de vós<br />

nunca tenha pensado nesta matéria; e, para seguirdes logicamente,<br />

sãmente, o que se está dizendo s<strong>em</strong> ficardes confus<strong>os</strong> ou perturbad<strong>os</strong>,<br />

tendes de escutar. Talvez não compreendais uma boa parte do que<br />

estam<strong>os</strong> dizendo, mas se a s<strong>em</strong>ente cair <strong>em</strong> terreno já amanhado pelo<br />

correto escutar, compreendereis. Se n<strong>os</strong>sa maneira de observar ou<br />

escutar é negativa, não há, então, separação entre o pensador e o<br />

pensamento. Mas, para a maioria de nós existe uma separação, um<br />

<strong>conflito</strong> entre o pensador e o pensamento, entre o observador e a<br />

coisa observada, entre a parte da mente que diz “ devo” e a outra<br />

parte que diz “não devo” . Um desejo n<strong>os</strong> solicita numa direção, e<br />

outro desejo na direção op<strong>os</strong>ta. Tod<strong>os</strong> conhec<strong>em</strong><strong>os</strong> essa dualidade<br />

“ censor e pensamento” — o censor s<strong>em</strong>pre a observar, a julgar, a<br />

avaliar o pensamento.<br />

Ora, existe de fato separação entre o observador e a coisa observada,<br />

entre o pensador e o pensamento? Pensam<strong>os</strong> que sim; mas<br />

existe mesmo? É muito importante averiguá-lo; porque, se não há<br />

censor, pensador, centro de onde procede o julgamento, a avaliação,<br />

—■o <strong>conflito</strong> cessa então completamente.<br />

Certo, só existe pensamento — pensamento como reação mecânica<br />

da m<strong>em</strong>ória acumulada. Esse pensamento criou o pensador, a<br />

entidade permanente, “ eu” — a que chama, então, “ ego” , “ alma” ,<br />

“ eu superior” ; mas isso ainda é um resultado do pensamento, porque<br />

pode ser condicionado para pensar tudo o que a sociedade<br />

exigir que pense. Os comunistas não crê<strong>em</strong> <strong>em</strong> Deus, mas vós credes,<br />

porque f<strong>os</strong>tes educad<strong>os</strong> nesta crença. É só questão de propaganda.<br />

Para se compreender inteiramente esse processo, a totalidade<br />

do inconsciente, cumpre observá-la negativamente — pois esta é a<br />

única maneira de observá-la, porquanto toda observação p<strong>os</strong>itiva do<br />

inconsciente produz divisão entre o observador e a coisa observada.<br />

Não sei se já notastes que no momento <strong>em</strong> que se vê algo s<strong>em</strong><br />

o pensamento, não há observador: só há observação. Quando olhais<br />

para uma nuv<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> v<strong>os</strong>sas l<strong>em</strong>branças acumuladas relativas às<br />

nuvens, estais observando. Da mesma maneira t<strong>em</strong><strong>os</strong> de observar<br />

o inconsciente e quando observais assim, negativamente, existe in­<br />

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