o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti
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K R ISH N AM U RTI: Isso é tão simples e tão claro — há necessidade<br />
de mais explicações? Considerai qualquer coisa falsa, o nacionalismo,<br />
por ex<strong>em</strong>plo. Perceber a falsidade do nacionalismo é perceber<br />
a verdade no falso. Ver o que é falso na autoridade, a falsidade da<br />
igreja, é descobrir o verdadeiro. Perceber a verdade no ciúme, na<br />
ambição, na busca de poder, de p<strong>os</strong>ição, de prestígio, é ver sua completa<br />
falsidade; e quando v<strong>em</strong><strong>os</strong> esta verdade, não uma pontinha<br />
dela, porém sua totalidade, então esse próprio ver liberta a mente<br />
do falso.<br />
PER G U N TA: Não há perigo de condenarm<strong>os</strong> certas coisas que<br />
não aprovam<strong>os</strong>?<br />
KRISH NAM URTI: A condenação é uma reação, uma resistência,<br />
e aquilo que condenam<strong>os</strong>, evident<strong>em</strong>ente, não compreend<strong>em</strong><strong>os</strong>. Suponham<strong>os</strong><br />
que eu seja católico, comunista, qualquer coisa, e, porque<br />
desejo descobrir a verdade relativa a essa questão, começo a<br />
considerá-la, a penetrá-la. Percebo então a falsidade do apego a qualquer<br />
dogma e crença e, assim, de pronto as rejeito. Essa rejeição<br />
não representa uma condenação do comunismo ou da igreja. Vejo<br />
simplesmente que essas coisas nada significam para um <strong>hom<strong>em</strong></strong> que<br />
t<strong>em</strong> o sério desejo de descobrir o que é verdadeiro.<br />
PER G U N TA: Quando a mente está perfeitamente quieta, silenci<strong>os</strong>a,<br />
qu<strong>em</strong> está consciente desse silêncio?<br />
KRISH NAM URTI: Quando sois alegre, feliz, no momento <strong>em</strong> que<br />
v<strong>os</strong> cientificais desse estado, já não sois feliz. Já notastes isso? Não?<br />
No momento <strong>em</strong> que v<strong>os</strong> identificais com a felicidade, acabou-se a<br />
felicidade. Ela é então, apenas, uma l<strong>em</strong>brança. O silêncio não pode<br />
ser experimentado pelo “ eu” . Talvez examin<strong>em</strong><strong>os</strong> esta questão quando<br />
eu voltar a falar sobre a meditação.<br />
IN T E R P E LA N T E : Uma das causas de <strong>conflito</strong> <strong>em</strong> mim é a<br />
questão de saber o que é correto fazer.<br />
KRISH NAM URTI: Senhor, que é compaixão? Não é um estado de<br />
simpatia, piedade, consideração? E nele, por certo, não há o sentimento<br />
de ajuda a outr<strong>em</strong>. Estou aqui ajudando a tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> que me<br />
ouv<strong>em</strong>? Espero que não. Digo-o a sério. Se tenho o sentimento de<br />
v<strong>os</strong> estar ajudando, nesse caso considero-me uma pessoa de maior<br />
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