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o-homem-e-os-seus-desejos-em-conflito-j-krishnamurti

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KRISHNAM URTI: Deixai-me, <strong>em</strong> primeiro lugar, salientar que não<br />

estais aqui apenas para entender o que estou dizendo. Estais tratando<br />

de compreender-v<strong>os</strong>, e não de compreender o que eu v<strong>os</strong> estou dizendo.<br />

Estam<strong>os</strong> tratando de ver-n<strong>os</strong> como som<strong>os</strong>, conhecer a nós<br />

mesm<strong>os</strong>, se p<strong>os</strong>sível, totalmente. Estam<strong>os</strong> tratando de compreender<br />

essa entidade sobr<strong>em</strong>odo complexa que é cada um de nós, com todas<br />

as suas sutis variações, conflit<strong>os</strong>, ânsias, compulsões.<br />

Disse eu que, para n<strong>os</strong> compreenderm<strong>os</strong> completamente, tornase<br />

necessário um certo percebimento, o percebimento individual de<br />

como som<strong>os</strong>; e não pod<strong>em</strong><strong>os</strong> ter essa percepção, se condenam<strong>os</strong> ou<br />

justificam<strong>os</strong> o que v<strong>em</strong><strong>os</strong> <strong>em</strong> nós. Ora, isso é bastante simples. Se<br />

condeno a mim próprio, não há compreensão. Não percebo o significado<br />

daquilo que vejo; condeno-o, apenas. Se condeno uma pessoa<br />

ou a comparo com outra, não a compreendo.<br />

Assim, para compreenderm<strong>os</strong> a nós mesm<strong>os</strong> — por nobres ou<br />

ignóbeis, sensíveis ou insensíveis que sejam<strong>os</strong> — requer-se percebimento.<br />

Esse percebimento implica que não deve haver justificação,<br />

n<strong>em</strong> condenação, n<strong>em</strong> comparação. Justificação, condenação e comparação<br />

estão dentro da esfera do t<strong>em</strong>po; são ditadas pelo n<strong>os</strong>so condicionamento.<br />

Olham<strong>os</strong> as coisas como ingleses, hindus, cristã<strong>os</strong> ou<br />

comunistas. N<strong>os</strong>sa observação e n<strong>os</strong>so pensar estão condicionad<strong>os</strong><br />

pelas influência^ culturais e educativas de n<strong>os</strong>so ambiente, e se não<br />

estam<strong>os</strong> cônsci<strong>os</strong> desse condicionamento, não pod<strong>em</strong><strong>os</strong> ver o que ê,<br />

não pod<strong>em</strong><strong>os</strong> ver o fato. Isto, <strong>em</strong> si, é bastante simples, não achais?<br />

Não é algo que estais tentando aprender de mim. Para verdes e compreenderdes<br />

a entidade sobr<strong>em</strong>odo complexa que sois, deveis olharv<strong>os</strong><br />

s<strong>em</strong> esse fundo de condenação, justificação e comparação. E<br />

quando v<strong>os</strong> olhardes desse modo sabereis ver-v<strong>os</strong> de maneira total.<br />

Considero importante compreender esta questão do percebimento,<br />

e não tomá-la algo misteri<strong>os</strong>o. Não há mistério nenhum no percebimento.<br />

Ele é infinitamente praticável e aplicável à existência diária.<br />

Se uma pessoa percebe que está comparando, julgando, avaliando,<br />

se está inteirada de <strong>seus</strong> g<strong>os</strong>t<strong>os</strong>, versões, contradições, s<strong>em</strong> condenar<br />

ou procurar livrar-se delas, — se percebe tudo isso, se está<br />

crente do fato, que acontece? Que acontece se não ignoro que sou<br />

mentir<strong>os</strong>o — se percebo o fato s<strong>em</strong> condená-lo, s<strong>em</strong> dizer quanto<br />

isso é terrível, maléfico, desvirtu<strong>os</strong>o, etc? Se sabeis que realmente<br />

mentis, que acontece?<br />

Vede, por favor, que não estais aprendendo nada de mim. Eu<br />

não quero ser v<strong>os</strong>so instrutor, não quero ser seguido^. Isso é prejuv<br />

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