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5- orações da sapiência

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INTRODUÇÃO

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dizer as missas muito solenes e muito bem oficiadas e o réu ajudava com todas

as cousas de sua casa necessárias e pertencentes pera o auto, e ele testemunha a

rogo do réu o ajudou algũas vezes nas ditas missas, por ser clérigo: polo que ele,

testemunha, tem pera si que o réu fazia tudo aquilo como bom cristão e homem

temente a Deus, e ele testemunha nessa conta o tem. E mais non disse. Aº Roiz o

escrevi / Aires Botelho / Jerónimo de Brito»

Da documentação processual também consta, na p. 117 da transcrição citada, que

“Jerónimo de Brito ouve [=é aluno] no curso de António do Souto”. Ora, consoante

nos ensina Mário Brandão, António de Souto regeu um Curso de Artes, no Colégio

das Artes, de Outubro de 1549 até à Primavera 1553. 16 Destarte bem encaminhados,

e postos a compulsar os livros de Autos e Graus da Universidade de Coimbra

relativos a esta época, descobrimos no livro 3º do tomo 4º que, a 8 de Fevereiro

de 1552, Jerónimo de Brito provou a frequência das cadeiras que o habilitavam à

obtenção do grau de bacharel em Artes, o qual, consoante o respectivo assento,

lhe foi concedido em 6 do seguinte mês de Março do mesmo ano. 17 Com miras

à obtenção da licenciatura na mesma Faculdade de Artes, a 17 de Abril de 1554:

«Provou Hierónimo de Brito, bacharel em Artes, que ouviu dous meses do Mestre

António do Souto, com certo tempo que ouviu do Mestre Francisco de Pina, todos os

livros de Aristótiles que se requerem pera se fazer licenciado na dita Faculdade, e foram

testemunhas que assi o juraram Francisco de Carvalho e Cristóvão de Benavente.» 18

Poucos fólios à frente se lê o registo oficial, tanto do exame para a concessão

deste grau académico, como da cerimónia de imposição do mesmo:

[20] «O derradeiro dia do mês de Abril de 1554 anos na cidade de Coimbra e

sala da Reinha dos Paços del-rei nosso Senhor onde se fazem os autos de Medecina

e Artes, sendo í presentes o Doutor frei Martinho de Ledesma, lente de Véspora de

Teologia e Vice-Reitor por comissão de D. Clemente, prior crasteiro do mosteiro de

Santa Cruz e Cancelário da Universidade desta cidade, e o Doutor Marcos Romeiro,

Vice-Reitor pera este auto seguinte por comissão do doutor Afonso do Prado,

Reitor, 19 que também é examinador, e o Mestre Melchior Beliago e o Mestre Pero

Leitão e o Mestre Francisco Martins e Mestre Francisco Carlos, que este ano foram

16

Vd. Mário Brandão: “Os professores dos Cursos das Artes nas escolas do convento de

Santa Cruz, na Universidade e no Colégio das Artes”, artigo inserto em Estudos Vários, Coimbra,

Imprensa da Universidade, 1972, 1º volume, pp. 122-154. A referência a António de Souto

encontra-se nas pp. 141-142; A Inquisição e os Professores do Colégio das Artes, Coimbra,

Imprensa da Universidade, 1969, volume 2º, p. 509.

17

Arquivo da Universidade de Coimbra, Autos e Graus, tomo 4º, livro 3º, fólios 11 vº e 12,

respectivamente.

18

Arquivo da Universidade de Coimbra, Autos e Graus, tomo 5º, livro 1º, fólio 18 vº.

19

A desempenhar o cargo de reitor certamente por impedimento temporário do Reitor

“efectivo”, o célebre frei Diogo de Murça, que aliás já vemos no desempenho das suas funções

a presidir ao doutoramento de Cristóvão Monteiro: “Aos 17 dias do mês de Junho de 1554 (...)

sendo presente o Senhor frei Diogo de Murça, Reitor.” (Autos e Graus, tomo 5, livro 1, fl. 34)

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