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5- orações da sapiência

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INTRODUÇÃO

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Benfica era então frei Gabriel de Santa Maria, e frei Bartolomeu dos Mártires só nos

aparece, neste mesmo documento, como prior de Benfica numa profissão datada

de 13 de Maio do ano seguinte. Finalmente, parece-nos plausível a explicação que

tanto Barbosa como Sousa dão para a eleição que o nosso Autor fez do prenome

religioso, atribuindo-a a homenagem ao cardeal-infante, do qual, segundo diz o

abade de Sever mas o cronista de S. Domingos não confirma, teria sido moço

de câmara. Também não deixa de ser curiosa a espécie de vínculo que o nosso

Autor parece ter querido manter com a sua anterior identidade, ao escolher um tal

sobrenome religioso.

Poucos anos volvidos sobre a sua entrada na vida religiosa, frei Henrique fará

parte da selecta equipa de confrades que D. frei Bartolomeu dos Mártires levará

consigo ao ser investido, em 1559, na primacial Sé bracarense. Que frei Henrique lhe

merecia uma fundada confiança parece prová-lo o facto de, logo a 23 de Março do

ano seguinte, sair dos prelos coimbrãos de João Barreira um Tratado de confessores,

a que já nos referimos, em cujo Prólogo “Frei Anrique de São Jerónimo, da Ordem

dos Pregadores”, diz ao leitor, na p. 4, que compilara aquele “tratado de avisos de

confessores por mandado do reverendíssimo Senhor D. frei Bertolameu dos Mártires,

arcebispo e senhor de Braga, primaz.” 24 Também no cap. XXV do Livro 1º da Vida

de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, frei Luís de Sousa, depois de no capítulo anterior

nos informar acerca “dos motivos que teve o arcebispo pera fundar o convento de

Santa Cruz da Ordem de S. Domingos na insigne vila de Viana”, escreve que “não

tardou o arcebispo em propor ao governo e magistrados da vila de Viana o que

tinha tratado com o provincial e mandou a isso, logo na entrada de Novembro do

mesmo ano (=1560), o padre frei Anrique de Távora, religioso da sua Ordem.” 25

No cap. I do Livro 2º, ao tratar frei Luís de Sousa de “Como partiu o arcebispo

pera a cidade de Trento ao santo Concílio e da casa e acompanhamento que levou”,

viagem que se encetou em 24 de Março de 1561, informa-nos, relativamente à

personagem objecto do nosso interesse:

«pera sua companhia não quis mais gente que aquela que lhe era precisamente

necessária. [...] o padre frei Anrique de Távora, filho seu de profissão e criado

em sua doutrina no tempo que fora prior do convento de Benfica. Este religioso

andando o tempo foi bispo de Cochim e despois eleito arcebispo de Goa e primaz

da Índia Oriental.» 26

Falando depois dos primeiros meses da estada em Trento e do teor de vida com

que o santo arcebispo movia a espanto todos os que com ele tinham trato, frei de

Luís de Sousa transcreve parte de uma carta que, com data de 3 de Novembro de

1561, frei Henrique endereçou da cidade tirolesa ao reitor do Colégio de Jesus em

24

Transcrevemos infra este Prólogo como Apêndice 2º.

25

Frei Luís de Sousa, Vida de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Lisboa, Livraria Sá da Costa,

1946, volume 1º, p. 146.

26

O. c., 171.

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