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5- orações da sapiência

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ORAÇÃO DE TODAS AS CIÊNCIAS E SABERES

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os bons costumes; ser indulgente com os que fraquejaram e chamá-los à penitência;

propor regulamentos e direitos, promulgar leis e também interpretar preceitos

sagrados, e muitas outras coisas que dificilmente se poderão incluir num discurso.

Próximo a ele encontra-se o Direito Cesáreo, cuja vantagem e sobejamente

manifesta utilidade é considerada tão grande pelos homens sábios que se pensa

que, se apenas ele desaparecer, o mundo e a vida dos homens perecerão. Direito

que ao cabo de contas cuidaremos ter sido extraído das palavras sagradas, visto

como o próprio Deus transmitiu ao povo hebreu as melhores leis, que nós também

hoje usamos e nas quais se encerra o próprio direito: com o propósito de que

aquele povo escolhido, instruído com os melhores ensinamentos, sobressaísse pela

suprema perfeição e muito se avantajasse em civilização e religiosidade [14] aos

bárbaros e às nações de raças estrangeiras. Os antigos atribuíram tamanho prestígio

a este direito que chamavam à lei “descoberta da verdade”. 9 Com efeito, conta-se

que Píndaro, como parecia que os reis estavam isentos das leis, disse: “Quem há-de

mandar sobre os reis? – As leis, rainhas de todos, tanto mortais como imortais.” 10

Também se conta que, perguntando a Leão, filho de Euricrátides, qual a cidade

em que se viveria em segurança, este respondeu: “Onde a justiça sobressair e a

injustiça estiver derribada.” 11 É que: “Que teriam sido”, como diz Santo Agostinho,

“os grandes reinos senão grandes latrocínios, se não existissem a lei e a justiça?” 12

De tal forma que, se faltasse a lei, nem sequer seria possível gozar e correctamente

servirmo-nos das dádivas que Deus liberalmente concede.

Foram inúmeros os que se tornaram ilustres neste direito, entre os quais se

contou aquele grande Licurgo, autor das leis de Esparta, Sólon, Zaleuco, Bártolo,

Baldo, o imperador Justiniano e outros, de cujas superiores capacidades intelectuais

e erudição todos celebram a ilustre e imorredoira fama.

A função própria deste direito é dar a cada um o que lhe pertence, por forma

que ninguém seja favorecido, conforme diz Platão, 13 nem o amo nem o escravo

nem o estrangeiro, mas a repartição seja totalmente igual, a mesma e feita de modo

semelhante, a fim de que, se na comunidade se suscitar litígio acerca de alguma coisa,

a respeito da qual cada um contenda relativamente ao património ou a propriedade

suburbana, o direito decida da mesma maneira. Também é próprio dele [15] punir

com pesadas penas os homens e cidadãos criminosos, que perturbam e causam dano

ao Estado; expulsar da cidade os tiranos, defender os inocentes e, por derradeiro,

proteger a comunidade e preservá-la sempre com os melhores regulamentos. Mas

com isto basta sobre este assunto, pois não há tempo para se poder enumerar o

quanto se deve a este direito: digamos por isso alguma coisa acerca da arte de

curar, a qual, pela melhor das razões, é a que se segue.

Com efeito, se as artes precedentes, que acabámos de recordar, dizem respeito

ao espírito, esta tem a ver com o corpo: pelo que semelhará que tratámos do nosso

assunto de modo adequado. Portanto, considero que a ciência da Medicina, na mesma

medida em que é a mais apropriada para a conservação e recuperação da saúde, assim

é sobremaneira necessária para o género humano. Se remontarmos à sua origem,

Direito Cesáreo

Medicina

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