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5- orações da sapiência

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INTRODUÇÃO

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suavemente, alimenta o interior, restaura, sustenta e “fortalece o coração do homem”.

[Sl 104. 15] Quando a ele recorreram Moisés, Elias e, por derradeiro, Cristo Senhor

durante quarenta dias, com imenso prazer tiveram a abstinência de alimentos na

conta das mais suaves iguarias e dos banquetes mais opulentos. [Êx 34. 28; 1 Rs 19. 8]

Os que a estes seguiram, verdadeiros imitadores de Cristo e varões evangélicos,

e que, entendendo que “o Reino de Deus não é comida nem bebida” [Rom 14. 17]

(como fingem estes nossos glutões) e, respeitando os sagrados jejuns juntamente com

a Igreja, consagrando a vida toda em lugares desertos à vigília, à oração e divinas

tribulações, não só se abstiveram de cruentos [Biii vº] festins e banquetes supérfluos

ou da variegada multidão dos manjares, que a natureza, que se satisfaz com pouco,

abomina, mas, como que tomados por uma espécie de loucura divina, consoante

escreve Fílon, muitos mal sentiam fome a cada três dias. Outros, lautamente tratados

no festim da sabedoria que de sobejo acudia aos seus desejos, subsistiam o dobro

deste tempo e a duras penas provavam ao sexto dia o necessário alimento. [Philo.

de vit. Contempl. T. 2] Bebiam a água dos regatos, satisfeitos com aplacar a fome

e a sede, que a natureza impôs como senhoras aos mortais, usando sem qualquer

íntima complacência daquelas coisas sem as quais não se pode viver: comendo

para não morrer à fome, bebendo para não morrer à sede, fugindo da fartura como

igualmente inimiga da alma e do corpo.

Em seguida, o ser Cristo posto no pináculo do templo por Satanás (para não

me dilatar mais) ensina que, aos que estão colocados nas posição cimeiras e mais

elevadas, ameaça-os amiúde a ruína, a queda e a desgraça, e que, quanto mais

alto a fortuna levanta, tanto precipita em maiores perigos, e que, consoante opina

Jerónimo, aquilo que o diabo oferece, ainda que à primeira vista pareça elevado,

sempre visa ao baixo. [Hieron. Sup. Matth.] Além disso, todos os reinos do mundo

oferecidos a Cristo, que outra coisa ensinam senão que o avarento adora o diabo por

amor do lucro? Tal como aliás S. Paulo advertiu acerca da avareza, ao dizer que “é

culto de ídolos”. [Ef 5. 5] E não [Biiii] se deve pensar só que Satanás quis comprar

a adoração pelo preço de todos os reinos do mundo, visto que não há nada que

tanto atraia, seduza e prenda o entendimento dos mortais como a paixão da glória

e o desejo da própria grandeza e de se lhes concederem honrarias divinas. De tal

sorte que facilmente repudiam e do mesmo passo desprezam e têm em baixo preço

todas as coisas: oiro, riquezas, mobílias, vida, corpo, alma, Céu e o próprio Deus,

contanto que a eles os adorem, venerem e tenham em grande conta.

Cristo, nessa primeira parte do encontro com Satanás, venceu mediante o jejum e

a abstinência, que são certamente um antídoto divino e uma mezinha extraordinária

contra o defeito da gula. É que, consoante diz S. Basílio Magno, assim como o

azeite engorda o atleta, assim faz o jejum a quem se exercita na piedade. [Basil.

Conc. de ieiun.]

Na segunda parte, venceu através da humildade, porquanto, conforme pretende S.

Macário, “o humilde não cai. É que”, pergunta, “donde pode cair quem está por baixo

de todos?” [Machar. Aegypt. Hom. 19] Quem a tiver, a esta que dizem ser o fundamento

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