18.02.2020 Views

5- orações da sapiência

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2 6 0 JERÓNIMO DE BRITO

o nome de Oleastro, gozou, como exegeta do Pentateuco e hebraísta, de vasta e

duradoira fama europeia), publicados naquele mesmo ano em Lisboa, por João

Blávio de Colónia. Curiosa e agradavelmente (para quem isto escreve, pelo menos),

apresenta-se imediatamente a seguir a uma carta do mesmo teor de Jerónimo

Osório, cuja tradução já em tempos publicámos. 45 O escrito de Jerónimo de Brito,

Mestre em Artes e teólogo, ao encarecer a obra do amigo, não trilhou o caminho

fácil da acumulação de banalidades retóricas, mas, para além de revelar perspicácia

na caracterização que faz do modo como são diferentemente acolhidas os livros

que saem a lume, aponta com notória madureza de juízo e solidez de doutrina os

aspectos francamente positivos que recomendavam a obra de Oleastro e sublinha

com convicção os proveitos que com ela adviriam à grei cristã.

O pequeno Apêndice 2º recolhe o texto, neste caso em vernáculo, do Prólogo

que o nosso Autor, agora sob o alias de frei Henrique de S. Jerónimo, antepôs ao

hoje raríssimo Tratado de avisos de confessores, que João Barreira editou em Coimbra

no ano de 1560. Nesta pequena obra o Autor, consoante já atrás escrevemos, “por

mandado do reverendíssimo Senhor D. Frei Bertolameu dos Mártires,” seguindo o

modelo de uma obra similar “que o sereníssimo cardeal ifante mandou fazer no seu

arcebispado de Évora”, compilou uma série de avisos de utilidade para os confessores

de escassa preparação teológica, “pera não errarem em seu ofício tão crassamente,

como fazem os que desta matéria não tem nenhum conhecimento.”

Como Apêndice 3º tornamos acessível ao leitor de língua portuguesa o texto e a

versão portuguesa daquela que consideramos a obra mais notável do nosso Autor: o

sermão que este, na edição princeps, não trepidou em subintitular De calamitatibus

Ecclesiae, pronunciado diante dos Padres de Trento em 15 de Fevereiro de 1562

e dado à luz da publicidade no mesmo ano pelo impressor de Bréscia, Ludouicus

Sabiensis. Já nos referimos às circunstâncias que estão na génese desta brilhante peça

oratória, sendo também certo que, ao mesmo D. Frei Bartolomeu que indigitou o

nome do seu teólogo privado e companheiro de jornada para o desempenho desta

função concionatória, devemos nós ter grandemente contribuído para o triunfo

que, também como orador sagrado, alcançou em Trento outro ilustre dominicano

português: frei Francisco Foreiro. 46

45

D. Jerónimo Osório, Cartas. Tradução, compilação e nota de A. Guimarães Pinto, Silves,

Câmara Municipal, 1995, pp. 32-34.

46

Vd. frei Luís de Sousa, Vida do Arcebispo, o. c., volume 1º, p. 216: “Logo pera a terceira

Sexta-feira, convidou o arcebispo muitos prelados italianos e de outras nações pera ouvirem

o Sermão da Vinha do padre-mestre frei Francisco Foreiro [...] Acudiram a ele todos os espanhóis

pola fama de suas letras e eloquência, que este dia ficou de novo acreditado com a obra, e

foi causa de o fazerem continuar na Quaresma do ano seguinte com extraordinário concurso

e aplauso e com uma clara confissão que andava em alto ponto entre os Portugueses aquele

santo ministério do púlpito.” – Ficou um testemunho impresso das prédicas trentinas de frei

Francisco Foreiro na Quaresma de 1563: F. Francisci Forerii [...] sermo quem habuit ad Patres

Dominica prima Aduentus Anno 1563, Bréscia, Ioannis Baptista Bozola, 1564. Deste sermão,

em que o estilo ciceroniano do frade vai de par com uma desassombrada crítica tanto das

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!