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INTRODUÇÃO
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APÊNDICE 3º
(TRADUÇÃO)
Sermão pronunciado no Sagrado Concílio Tridentino na 1ª dominga da
Quaresma do ano de 1562, Acerca das desgraças da Igreja, por frei Henrique
de S. Jerónimo, português, teólogo e mestre em Artes Liberais, dominicano. Em
Bréscia, na casa de Luís Sabiense, 1562. (Exemplar da Biblioteca Comunale Trento,
cota G 2 – op.)
[Aii]
Santíssimos Padres, não existe ninguém que possa compreender perfeitamente
o lastimável estado deste nosso turbulento século e deplorá-lo com as merecidas
lágrimas se não puser diante dos olhos aqueles brilhantes e venturosos primórdios e
crescimento da Igreja ao nascer e começar a florir. É que, se examinarmos seriamente
a questão e compararmos correctamente cada aspecto – vida, costumes, piedade,
ardor e profundidade de fé e de religiosidade –, veremos claramente, se formos
juízes imparciais dos factos e amantes da verdade, ai de nós!, em quão lastimáveis
e calamitosos tempos caiu esta nossa posteridade, e a que espécie de infelicidade
chegámos, e o quanto esta época abastardada, de um mundo que desaba e envelhece,
para não dizer que expira, degenerou daquele primitivo, áureo, florescente e bem-
‐aventurado século dos nossos antepassados. Por conseguinte, tendo a intenção de
falar acerca das actuais desgraças da Igreja, irei buscar a causa delas à leitura que
se fez do Evangelho e, com o patrocínio de Deus, indicarei os remédios e antídotos
para os curar. Mas confesso que a carga que me impus é superior às forças de
quem irá falar.
Este digníssimo e sacratíssimo lugar infunde receio. Intimida a presença dos
mui respeitáveis e sábios ouvintes, os homens mais eminentes do mundo, luzes da
Igreja, ungidos [Aii vº] de Deus, diante dos quais com toda a razão eu teria podido
perder a coragem, se, santíssimos Padres, a vossa afabilidade e indulgência não
fossem tão grandes quanto o são a vossa autoridade, dignidade e saber, as quais
a mim que, cheio de temor, estou prestes a falar, me prometem paciente silêncio,
encorajam e mostram simpatia.