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5- orações da sapiência

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ORAÇÃO DE TODAS AS CIÊNCIAS E SABERES

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expectativa que se calhar concebestes a meu respeito, se não tivesse por juiz a

vossa singular indulgência e extraordinário comedimento, mediante a qual avaliais

não tanto o valor da dádiva oferecida, quanto a intenção de quem oferece) não me

sentisse dominado por um enorme terror e receio. Motivo pelo qual vos rogo e [7]

suplico, excelentíssimos varões, que me presteis hoje aquela atenção, a mim que

desejo dizer alguma coisa sobre os vossos merecimentos e que vos felicito pelos

vossos estudos, que costumastes mostrar a outros que falavam acerca da virtude.

Portanto, ao propor-me falar acerca das ciências e expor os louvores das

mesmas, quis começar antes de mais por aquela que assaz se avantaja às restantes

e de longe as supera, da qual como de uma nascente límpida emanaram todas as

demais artes (é que dava visos que o método assim o exigia), por forma a que

nos ouvidos dos ouvintes, que devido a uma espécie de debilidade da natureza

sempre no início estão mais disponíveis para escutar e no final mais desatentos,

permanecesse alguma coisa relativa a esta ciência, que ajudasse sobremaneira aos

restantes estudos daquelas coisas com as quais eles, desprezando tudo o mais, se

deleitam, e fosse não pequeno incitamento para prosseguirem com entusiasmo

para aqueles aos quais ela já ofereceu muito e que a ela se entregaram durante

muito tempo. E ao pensar assim não me limitei a dar crédito ao meu parecer, mas,

imitando aquele santo varão Noé, o qual, segundo se diz, ensinou aos filhos em

primeiro lugar os preceitos da Teologia e depois as Matemáticas e a Filosofia, eu

considerei que deveria falar primeiro acerca da Teologia.

Por conseguinte, começando por aqui, sendo certo que Deus Óptimo Máximo

criou os homens a partir do nada e lhes concedeu os mais perfeitos ornamentos

quer do corpo quer do espírito, [8] para os brutos animais lhes obedecerem,

por forma a senhorearem e governarem este globo a que chamam Terra, de tão

grande esplendor e brilho e pintado com maravilhosa formosura. Mas eles devido

à arrogância, perpetrando um crime abominável com desprezo pela majestade

divina, como atentaram contra a majestade celestial de Deus e com o seu excessivo

desatino violaram as ordens do melhor dos pais, caíram num lamentável infortúnio

e, passando a levar uma vida de brutas alimárias, perderam, manchando-a, aquela

divina potência de conhecer derivada daquele Criador das coisas, graças à qual o

seu entendimento e razão eram perfeitos. Aquele bondoso Pai, porém, compadecido

deles e vendo o grande número de desgraças em que tinham caído devido ao

pecado, não permitiu que perecessem privados de ajuda os homens que moldara

com inexcedível perfeição e não deixou de lhes conceder uma espécie de instinto

natural e um lume de sabedoria divina, a fim de que, indagando a sua origem e

a causa primeira das cousas, como que recordando donde tinham provindo, se

sentissem estimulados pelo desejo das coisas divinas. É que não existe povo algum

tão selvagem nem houve nenhum mortal tão desumano que não tivesse inculcada

em seu espírito a crença em Deus. E até todos a tal ponto reconheceram alguma

força e natureza divina que, mesmo que ignorassem que espécie de Deus cumpria

que existisse, todavia sabiam que deveria existir. 5 Os quais, ainda que [9] em grande

Teologia

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