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5- orações da sapiência

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ORAÇÃO DE TODAS AS CIÊNCIAS E SABERES

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dos bem-aventurados que, já livres dos corpos, contemplam a essência divina no

mais elevado deste grande globo e sempiterno domicílio de Deus Óptimo Máximo.

Só mediante ela as virtudes aumentam, os defeitos se extirpam e se mostra aquilo

que deve desejar-se e o de que cumpre fugir-se. Ela, finalmente, ensina não apenas

todas as restantes coisas, mas também aquilo que é o mais difícil: a conhecermo-

‐nos a nós mesmos e a compreendermos que, como que iluminados pela divina

sabedoria, nos tornamos homens bons e que, ao cabo, por este motivo, viremos a

ser bem-aventurados. Acerca dela pensei que mais valia calar do que proferir poucas

coisas e estas assaz inferiores à sua dignidade: é que aquilo que da sua parte tem

necessidade de louvores costuma ser ornamentado com palavras.

Por isso, passemos a ocupar-nos no nosso discurso com os nossos restantes

estudos, que, embora sejam sobremaneira honrosos, provavelmente o entendimento

humano estará em condições de abarcá-los.

Portanto, desta divina Filosofia e sacrossanta sabedoria provém o Direito Pontifício,

que encerra os decretos e disposições dos Santos Padres, o qual se julga tanto

mais digno e mais excelente e parece avantajar-se às demais ciências quanto [12]

mais se aproxima daquela divina sabedoria. O seu primeiro autor e instituidor foi

o próprio Cristo nosso Salvador, quando concedeu ao primeiro pontífice São Pedro

e aos seus sucessores a potestade divina e lhe encomendou que apascentasse o

seu rebanho, isto é, a Igreja inteira; e, dando-lhe os primeiros ensinamentos da fé,

que se encerram no Direito Pontifício, entregou-lhe, com perpétua e estável sanção,

as chaves de ligar e desatar, a fim de que aquilo que por sua vontade fizesse na

terra, ele mesmo o aprovasse no Céu, ou para que não tivéssemos qualquer dúvida

de que tem nele a sua origem o que ensinam aquilo a que se chamam os santos

Cânones, confirmados pela autoridade evangélica. Direito que nos primórdios da

Igreja foi inspirado pelo Espírito divino, esclarecido pela doutrina dos apóstolos,

ensinou a todo o mundo e o aquietou. A fim de que, se mais tarde surgisse entre os

cristãos alguma dúvida sobre alguma coisa, alguma questão, que tivesse a ver quer

com a salvaguarda da fé, quer com a conservação da religião, se devesse recorrer

com segurança às tradições da Igreja e aos santíssimos decretos dos apóstolos

e dos antigos pontífices. A este Direito, finalmente, com o passar do tempo e o

surgimento de muitas questões e depois que as ordenações cristãs aumentaram de

modo extraordinário, outros pontífices, célebres pelas suas letras e vida santa, que

nenhuma vicissitude dos tempos ou das coisas hão-de jamais fazer desaparecer da

fama e memória dos homens, [13] puseram-no num estado de perfeição tal que

nele não pode sentir-se a falta de nada mais.

A sua função é arrancar de raiz e extirpar por completo, como peçonhentos

espinheiros da horta de Cristo, isto é, da Igreja, sua queridíssima esposa, as

pestilenciais heresias dos homens ímpios, e castigar os seus autores, assaz iludidos

pelos embustes da serpente e que com desenfreado atrevimento introduzem esta

peste na cristandade; e instruir da melhor maneira com os princípios cristãos; aos

ímpios puni-los ou também socorrê-los, aos ignorantes aconselhá-los e ensinar-lhes

Direito

Pontifício

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