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5- orações da sapiência

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2 5 0 JERÓNIMO DE BRITO

No entanto, tudo semelha indicar que o nosso Autor pôs de parte a continuação

dos seus estudos universitários e tomou a decisão de ingressar na vida religiosa,

optando pela austera Ordem de S. Domingos. Dada a sua presumível idade (em

anos moços, mas adulto), é de supor que tal passo tenha resultado de um reflexão

madura e de uma incontornável vocação, apesar das estranhas e sibilinas palavras,

atrás citadas, com que frei Luís de Sousa a ele se refere: “Do Jerónimo dizem que o

cardeal D. Henrique lhe mandou que fosse frade”. É que não nos parece verosímil

que um tão zeloso reformador da vida religiosa lusitana, como se revelou o cardealinfante,

fosse constranger alguém a entrar na vida monástica, a menos que gravíssimas

circunstâncias, que desconhecemos, tenham impelido D. Henrique a decidir-se por

esta imposição anti-canónica. Seja como for, a 28 de Janeiro de 1556 vêmo-lo assinar

em Lisboa uma carta laudatória impressa à testa dos Commentaria in Exodum, 22

de frei Jerónimo de Azambuja, que o alemão de Colónia João Blávio imprimiu em

Lisboa naquele ano. Aí se identifica diante do pius lector como M. Hieronymus a

Brito, Lusitanus, uir theologus.

Ora, atendendo ao facto de a obra prologada pertencer a um dominicano, com

o qual Brito confessa ter trato próximo (meum erga illius auctorem studium), e

ao pormenor de se encontrar datada de Lisboa em pleno período escolar, somos

levados a dar como provável a hipótese de o nosso Autor já haver então abandonado

os estudos teológicos, que verosimilmente encetara tendo em mira a obtenção do

grau de Mestre ou de Doutor, e se acolhera, a fazer o noviciado, ao claustro de

São Domingos, convento onde, a 14 de Agosto de 1557, o vamos ver professar, de

acordo com o que consta de um documento que afortunadamente chegou até nós:

[7 vº] «23. Anno Domini 1557, 14 die Augusti fecerunt professionem post Vesperas

simul: 1. Fr. Emanuel de Sousa et 2. Fr. Henricus de S. Jeronimo [à margem: iste

Fr. Henricus fuit Archiepiscopus de Goa] et 3. Fr. Reginaldus Portuensis [alias Assunção]

sub Rdo P. Fr. Ludouico Granatensi prouinciali huius Prouinciae, existente priore

huius conuentus de Benfica Fr. Gabriele de Sancta [8] Maria, et magistro nouitiorum

Fr. Simone das Chagas non habente tunc Ordine Magistrum. [Assinaturas:] fr. Gabriel

de Scta Maria, prior / Fr. Henricus de S. Ihmo [Anotado:Archiepiscopus Goanensis]

/ fr. Simõ das Chagas [à margem:uirtutibus et miraculis clarus. Obiit Solor] / frei

Manoel de Sousa / fr. Reginaldo dassunsam.» 23

Postos diante da evidência documental, ocorrem-nos algumas observações.

A primeira é a exacção da data que Barbosa Machado apontou para a profissão

religiosa do nosso Autor (14 de Agosto de 1557). A segunda é o facto de logo em

seguida cincar ao escrever que “professou solenemente nas mãos do insigne varão

frei Bartolomeu dos Mártires, prior de Benfica”. Como acabámos de ver, o prior de

22

Que mais à frente se transcreve e traduz como Apêndice 1º.

23

Professiones Sancti Dominici de Benfica 1551-1599, ms PORT 4789, Harvard College

Library, publicado por António do Rosário, OP, Cartório Dominicano Português. Século XVI,

fascículo 12, Porto, Arquivo Histórico Dominicano Português, 1981, p. 8.

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