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INTRODUÇÃO
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desconhecemos, mas certamente posterior a Abril de 1571.” 30 Finalmente, José de
Castro, estribando-se na Hierarchia Catholica (tomo 3º, p. 171) de Guilelmus van
Gulik, corrobora a data apontada por Machado. 31 Desta diocese foi promovido para
a Sé metropolitana de Goa, segundo Barbosa Machado (consoante se viu), por bula
de Gregório XIII datada de 20 de Janeiro de 1578, 32 mas, em opinião de Fortunato
de Almeida 33 : “provavelmente em Janeiro de 1577.” E ao abrirmos a obra clássica
sobre O Reinado do Cardeal D. Henrique, nas páginas 26-27 lemos o seguinte:
«A 20 de Setembro de 1578, por ordem de D. Henrique, celebraram-se solenes
exéquias, na igreja dos Jerónimos, em honra do seu antecessor. Foi celebrante o
arcebispo de Lisboa, D. Jorge de Almeida; estiveram presentes el-rei, o duque de
Bragança, os bispos do Algarve e de Portalegre, 34 o antigo bispo de Viseu, D. Jorge
de Ataíde, e os prelados eleitos de S. Tomé, D. Martinho de Ulhoa, e das Índias,
D. Frei Henrique de Távora e Brito.» 35
É esta a única referência que encontrámos a uma viagem à pátria após a sua
partida para a indiática Cochim. Se de facto esta visita se deu, não pode ter sido
longa, pois “a 9 de Abril de 1579 presidiu [em Goa] a uma junta de teólogos na
qual se ventilou se era lícito permitirem-se aos gentios das terras de Salsete alguns
ritos e cerimónias gentílicas.” 36
A isto praticamente se resume o que lográmos apurar sobre o percurso humano
desta personagem, que pelos especiais contornos de que se reveste nos evoca
o título de uma das peças de António José da Silva: “As variedades de Proteu”.
Conforme Barbosa Machado e frei Luís de Sousa já nos contaram, o decesso de
D. Frei Henrique de Távora – verificado a 17 de Maio de 1581 – assumiu uma forma
melodramática que toca as raias do inverosímil, porquanto dá visos de supina insânia
atrever-se alguém a propinar peçonha e ocasionar a morte de um tão alto dignitário,
arriscando-se dessa forma ao incómodo da pena capital, só como desquite por uma
reprimenda moral. Na impossibilidade de aprofundarmos a questão, encerramos
30
Fortunato de Almeida, História da Igreja em Portugal, 2ª edição (a 1ª é de 1915-1917),
Porto, Livraria Civilização Editora, Porto, 2º volume, 1968, p. 690.
31
José de Castro, o. c., 1944, volume 3º, p. 420.
32
Fundando-se igualmente em van Gulik, o. c., p. 204, José de Castro, id., ibi., consigna
uma data ligeiramente diversa (29 de Janeiro de 1578), diferença de oito dias que aliás facilmente
se explica se atendermos à similitude dos algarismos envolvidos.
33
O. c., p. 700.
34
D. Jerónimo Osório e D. André de Noronha, respectivamente.
35
José Maria Queirós Veloso, O Reinado do Cardeal D. Henrique, Lisboa, Empresa Nacional
de Publicidade, 1946. – Em nota, o Autor esclarece que colhera esta informação em José de
Castro, D. Sebastião e D. Henrique, Lisboa, União Gráfica, 1942, p. 239, o qual, por sua vez,
se funda na documentação existente no Arquivo Secreto do Vaticano (conquanto por vezes o
faça de modo assaz desastrado, permita-se-me a confidência, como aliás oferece aqui mesmo
um colossal exemplo, ao dar ao bispo de Portalegre em 1578 o nome do inglês D. Ricardo
Russell, que de facto esteve à frente da diocese alentejana...a partir de 1671.)
36
Fortunato de Almeida, o. c., p. 700.