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Saberes da Extensão - ANAIS DO I SEMINÁRIO

EDIÇÃO I . NOVEMBRO 2019

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Se joga! Futsal feminino no IFMG Betim

alunos matriculados em cursos técnicos integrados

evadem, e essa saída é especialmente notada no primeiro

ano de curso (SÁ, 2018). Acreditamos que a

realização de um projeto de extensão voltado para a

prática do futsal tem contribuído para a transformação

dessa realidade, pois ampliaram-se os espaços

voltados para a prática esportiva na instituição, trazendo

mais saúde física e mental às envolvidas, mais

qualidade de vida. Cabe ressaltar que tal prática beneficia

não somente alunas, mas também servidoras

- que, igualmente, têm relatado dificuldades ao lidar

com a grande sobrecarga de trabalho - e demais

membros da comunidade acadêmica.

O aumento desse interesse pelo futsal no campus

Betim no ano de 2018 trouxe muitas reflexões à tona,

como por exemplo foi o caso do envolvimento feminino

nessa prática esportiva. Em diversas escolas,

por exemplo, “durante as aulas de educação física, o

futebol acontece apenas no nível da prática (o fazer

pelo fazer), desprovido de reflexões teóricas sobre o

saber fazer corporal ou sobre as referidas conexões

sociais que permite e vivenciado, na maioria das vezes,

de maneira sexista, onde é oferecido como atividade

apenas ao grupo masculino” (SILVA, CAMPOS,

2014, p. 40). Em uma esfera mais ampliada, considerando-se

o universo do futebol, de forma geral, são

notados progressos, já que “as mulheres têm, cada

vez mais, conquistado espaços diversos – como os de

jogadoras, árbitras, jornalistas, entre outras funções.

Tais conquistas, contudo, expressam “um avanço

ainda tímido nas esferas de controle, organização e

decisão sobre a modalidade esportiva, como a gestão

de clubes e federações, por exemplo” (ANJOS, DAN-

TAS, 2016, p. 82). Portanto, a instituição da prática

do futsal com alunas, servidoras e membros da comunidade

acadêmica de Betim não só poderá trazer

benefícios locais, como também conscientizar acerca

dessa situação verificada no contexto brasileiro.

Ciente da limitada ocupação feminina do espaço

cultural reservado ao futebol, a Federação Internacional

de Futebol lançou a cartilha Estratégia Global

para o Futebol Feminino, que possui o objetivo de

aumentar o nível de participação feminina no futebol

mundialmente, de forma a possuir 60 milhões de

jogadoras até 2026 (FIFA, 2018). A cartilha traça planos

concretos para a promoção da modalidade entre

as mulheres, permitindo se manterem no esporte e

também receberem os benefícios sociais do futebol.

Ações como essa auxiliam-nos a tentar buscar respostas

para questões educativas, como por exemplo

o “porquê das meninas terem menos habilidade em

determinadas atividades motoras em relação aos meninos,

uma vez que, estão nas mesmas condições etárias

e de escolaridade” (NOVAIS et al, 2016, p. 102).

Dessa forma, o projeto tem buscado dialogar com a

visibilidade que tem tido discussões sobre o futebol

feminino, em ano de copa do mundo e de investimento

em clubes femininos por conta das novas regras

para Licenciamento de Clubes da Confederação

Brasileira de Futebol, a fim de promover reflexões,

ao mesmo tempo em que age-se em prol de uma não

estereotipação de meninas/mulheres por gostarem

de futebol (SILVA, CAMPOS, 2014), demonstrando

porque “discursos e práticas que reforçam uma representação

normatizada de feminilidade, seja espetacularizando

a beleza das atletas em detrimento de

sua performance, seja apontando para sua possível

‘masculinização’ ao praticarem esportes associados

ao universo dos homens” (ANJOS et al, 2018, p. 2)

não são coerentes para falar de uma sociedade em

que o futebol, massivo fenômeno social, tem enorme

relevância cultural enquanto “referência de lazer

para as várias classes sociais, nas diversas regiões

brasileiras, independente do gênero e da idade” (SIL-

VA, CAMPOS, 2014,p. 39). Essa alternativa de lazer,

verificamos semanalmente, tem sido muito apreciada

pela comunidade escolar.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

(considerações finais)

Alunas e ex-alunas, professoras e servidoras técnico-administrativas

tem participado do projeto com

regularidade e demonstrado maior preparo físico e

conhecimento das regras e técnicas do futsal, bem

como agido, sempre, em prol de uma competição

saudável. Foi notado, ainda, no campus, de forma geral,

muito respeito e admiração pelas participantes

do projeto, sem que haja estereotipação delas.

De forma geral, o projeto tem sido muito benéfico

no que diz respeito à conscientização da comunidade

sobre a presença feminina no esporte. Uma das

alunas participantes relata: “com o projeto Se Joga!

consegui aprender muito mais sobre futebol feminino

porque, como a gente sabe, a gente não vê muitas

notícias na mídia sobre isso”. Similarmente, uma das

professoras presentes nas atividades do projeto afirma:

“eu acredito que com o projeto Se Joga! a gente

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