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Informativo de Jurisprudência sobre Licitações e Contratos nº 01

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO<br />

<strong>Informativo</strong> <strong>de</strong> <strong>Jurisprudência</strong> <strong>sobre</strong> <strong>Licitações</strong> e <strong>Contratos</strong> 2<strong>01</strong>0.<br />

benfeitorias necessárias, <strong>de</strong> acordo com os gestores, seriam in<strong>de</strong>nizadas pelo locador, em 12 parcelas; já as<br />

benfeitorias úteis “serão objeto <strong>de</strong> negociação entre as partes, por ocasião do encerramento da locação,<br />

para <strong>de</strong>finições formais a respeito da aquisição da sua totalida<strong>de</strong>, ou parte <strong>de</strong>las, pela locadora ou<br />

realizada a sua retirada do imóvel”. Em sua instrução, a unida<strong>de</strong> técnica consignou que não foi apresentada<br />

pela entida<strong>de</strong> “a formalização, por meio <strong>de</strong> documento próprio, do consentimento prévio do locador quanto<br />

às benfeitorias realizadas no imóvel, com vistas a cumprir o disposto no art. 23, inc. VI, da Lei <strong>nº</strong> 8.245/91.<br />

Ressalte-se que, nos termos do art. 35 da referida lei, as benfeitorias úteis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que autorizadas, serão<br />

in<strong>de</strong>nizáveis e permitem o direito <strong>de</strong> retenção”. Como não ocorrera o consentimento do locador, não haveria<br />

amparo legal para a in<strong>de</strong>nização. Ao examinar a matéria, o relator <strong>de</strong>stacou as providências adotadas pelos<br />

gestores da Radiobrás que, ao longo do processo, envidaram esforços no intuito <strong>de</strong> corrigir a irregularida<strong>de</strong>,<br />

acertando com o locador, formalmente, os termos da in<strong>de</strong>nização com relação às benfeitorias realizadas no<br />

imóvel locado, mediante termo aditivo ao contrato originário, abarcando, inclusive, as benfeitorias úteis.<br />

Votou, por conseguinte, pelo acolhimento das justificativas apresentadas, sem prejuízo <strong>de</strong> alertar à Radiobrás<br />

que é contrária à Lei <strong>nº</strong> 8.245/1991 (art. 23, inciso VI) a “realização <strong>de</strong> benfeitorias em imóvel alugado sem<br />

prévia autorização por escrito do proprietário, em <strong>de</strong>sacordo com o respectivo contrato”, além <strong>de</strong> não ser<br />

assegurada a in<strong>de</strong>nização no caso <strong>de</strong> benfeitorias úteis não autorizadas. O Plenário acolheu o voto do relator.<br />

Acórdão n.º 2489/2<strong>01</strong>0-Plenário, TC-006.651/2008-5, rel. Min. Raimundo Carreiro, 22.09.2<strong>01</strong>0.<br />

Restrição à competitivida<strong>de</strong>: a prova <strong>de</strong> inscrição perante a fazenda pública <strong>de</strong>ve-se dar <strong>de</strong> acordo<br />

com a natureza do objeto da licitação<br />

Por intermédio <strong>de</strong> representação, empresa licitante informou ao Tribunal possíveis irregularida<strong>de</strong>s em ato<br />

que a inabilitou em concorrência promovida por Furnas Centrais Elétricas S.A., cujo objeto constituía-se na<br />

contratação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> consultoria para executar programa <strong>de</strong> gestão ambiental <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> transmissão.<br />

Em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> audiência, um dos fatos a serem esclarecidos foi a exigência editalícia, para fim <strong>de</strong> habilitação,<br />

“da apresentação <strong>de</strong> documento comprobatório da inscrição no cadastro <strong>de</strong> contribuintes estadual”, o que<br />

seria incompatível com o objeto do certame, encontrando-se em <strong>de</strong>sacordo com o preceituado no art. 29 da<br />

Lei 8.666/1993. Os gestores aduziram que “a exigência <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> inscrição no cadastro <strong>de</strong> contribuintes<br />

estadual consta <strong>de</strong> todos os seus editais, nunca tendo sido este item alvo <strong>de</strong> reparos pela Controladoria<br />

Geral da União ou mesmo pelo TCU”. Afirmaram, ainda, com base em julgado do Superior Tribunal <strong>de</strong><br />

Justiça, que a “Lei <strong>de</strong> <strong>Licitações</strong> exige prova <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> fiscal perante todas as fazendas,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ativida<strong>de</strong> do licitante”. Dessa forma, conforme os gestores, em face do disposto nos<br />

incisos I e II do art. 29 da Lei 8.666/1993, “a prova <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> fiscal, no caso da Fazenda Estadual,<br />

faz-se com a comprovação <strong>de</strong> inscrição, em conjunto com a respectiva certidão <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tributos”.<br />

Para eles, “consi<strong>de</strong>rando as exigências do inciso II do art. 29 da lei, na hipótese <strong>de</strong> a licitante não estar<br />

sujeita à inscrição estadual, <strong>de</strong>veria disto fazer prova documental, por meio <strong>de</strong> certidão ou <strong>de</strong>claração do<br />

órgão competente”. A unida<strong>de</strong> técnica, ao analisar o assunto, expôs, inicialmente, a redação do art. 29, inc.<br />

II, da Lei 8.666/1993, que, in literis, exige “prova <strong>de</strong> inscrição no cadastro <strong>de</strong> contribuintes estadual ou<br />

municipal”. O edital da concorrência contestada pela representação, todavia, no item “relativo às exigências<br />

documentais <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> fiscal, ao reproduzir comando semelhante ao do art. 29, inciso II, da Lei <strong>nº</strong><br />

8.666/1993, modificou sua redação ao trocar a conjunção „ou‟ pela conjunção „e‟, o que na prática<br />

estabeleceu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprovação <strong>de</strong> inscrição em ambos os cadastros <strong>de</strong> contribuintes: municipal<br />

e estadual”. Desse modo, para a unida<strong>de</strong> técnica, “a mudança <strong>de</strong> sentido do dispositivo operada pela troca<br />

<strong>de</strong> conjunções amplia, a princípio, o escopo <strong>de</strong> exigências do certame, introduzindo requisitos não presentes<br />

no texto legal”. Pelo objeto da concorrência, serviços <strong>de</strong> consultoria, “verifica-se situação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> em<br />

que incidirá Imposto <strong>sobre</strong> Serviços, gerando obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> inscrição em cadastro municipal <strong>de</strong><br />

contribuintes, e possível caracterização <strong>de</strong> isenção tributária estadual”. No que diz respeito à afirmativa dos<br />

gestores <strong>de</strong> que “a empresa inabilitada teria <strong>de</strong> comprovar a condição <strong>de</strong> isenta na Fazenda Estadual por<br />

meio <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> certidão ou <strong>de</strong>claração do órgão competente”, a unida<strong>de</strong> instrutiva enfatizou “que<br />

tal exigência não estava expressa no edital da licitação e configura uma interpretação ampliativa dos<br />

requisitos <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> fiscal expressos no art. 29, inciso II, da Lei <strong>nº</strong> 8.666/1993”. Desse modo,<br />

concluiu que a “exigência <strong>de</strong> prova da isenção <strong>de</strong> inscrição estadual, consi<strong>de</strong>rando a natureza da ativida<strong>de</strong><br />

objeto da licitação, afigurou-se meramente formal, abusiva, em <strong>de</strong>sacordo com o edital e com a legislação<br />

<strong>de</strong> regência”. Propôs, em consequência, expedição <strong>de</strong> alerta a Furnas, <strong>de</strong> modo a evitar ocorrência<br />

semelhante em licitações futuras. O relator, ao concordar com as análises empreendidas pela unida<strong>de</strong> técnica,<br />

<strong>de</strong>stacou que “as improprieda<strong>de</strong>s do procedimento licitatório questionado não se mostraram <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong><br />

suficiente para configurar lesão ao erário”. Com relação à específica situação da representante, consi<strong>de</strong>rou<br />

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