Arátor. História Apostólica - Universidade de Coimbra
Arátor. História Apostólica - Universidade de Coimbra
Arátor. História Apostólica - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
In t r o d u ç ã o<br />
re c e p ç ã o d e Ar á t o r<br />
9<br />
In t r o d u ç ã o<br />
É facto reconhecido pela generalida<strong>de</strong> dos<br />
estudiosos que o tratamento dado pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> a<br />
esse gran<strong>de</strong> autor medieval que foi <strong>Arátor</strong> fica muito<br />
aquém dos seus reais méritos. Na verda<strong>de</strong>, os dicionários,<br />
enciclopédias e <strong>História</strong>s da Igreja não têm <strong>de</strong>dicado ao<br />
autor e à sua obra mais do que algumas escassas linhas,<br />
frequentemente imprecisas e com juízos valorativos nada<br />
favoráveis 1 . Não obstante, alguns trabalhos importantes<br />
têm vindo a inverter esta tendência, que chegou ao<br />
ponto <strong>de</strong> epitetar a <strong>História</strong> apostólica como “o pior dos<br />
poemas sobre um assunto excelente” 2 .<br />
1 A propósito da escassez <strong>de</strong> informações biobibliográficas remetemos<br />
para as oito linhas que a Encyclopaedia Britannica (vol. 2, 1962 216)<br />
<strong>de</strong>dica a <strong>Arátor</strong>. Quanto a informações incorrectas, citamos o artigo <strong>de</strong><br />
P. <strong>de</strong> Labriolle no Dictionnaire d’histoire et <strong>de</strong> géographie écclesiastiques<br />
(vol. 3, 1924 col. 1443-1445), quando afirma que <strong>Arátor</strong> recitou o<br />
seu extenso poema durante quatro dias consecutivos (13, 14, 15, e 16<br />
<strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 544), sendo certo que os manuscritos são claros quanto às<br />
datas em que ocorreu tal récita: 13 e 17 <strong>de</strong> Abril, e 8 e 30 Maio <strong>de</strong> 544.<br />
Finalmente, a menorização do poeta po<strong>de</strong> ler-se em Louis Duchesne,<br />
que, na famosa L’Église au VI e siècle (1925 155), afirma: “Arator […] mit<br />
en hexamètres les Actes <strong>de</strong>s Apôtres, et ce jeu d’esprit fut l’object d’une<br />
lecture solennelle, en 544”. Tais palavras são objecto <strong>de</strong> viva contestação<br />
por parte <strong>de</strong> François Châtillon, que, partindo <strong>de</strong>sta frase do historiador<br />
e esmiuçando a presença do nome <strong>Arátor</strong> em obras <strong>de</strong> referência,<br />
conclui: “Procès-verbal <strong>de</strong> carence, d’insuffisance, d’ignorance, d’erreur,<br />
<strong>de</strong> légèreté, parfois aussi d’insincérité” (1963 11).<br />
2 Vd. Duckett 1961 70, tradução nossa.