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Cartas Do Brasil - Brasiliana USP

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MANUEL DA NOBREGA<br />

mou a cargo manter-nos até havermos algum remédio com a vinda<br />

dos mais, que esperamos; porque d'El-Rei não nós dão nada, nem<br />

ha que dar, e, si Nosso Senhor não abrira este caminho, não sei que<br />

fora de nós, porque nem com vender os ornamentos, e cálices da<br />

Igreja, fora possivel manter-se toda a gente. Esperamos maneira<br />

de sustentação.<br />

Com os Christão fazemos cá pouco, porque aos mais temos cerradas<br />

'as portas das confissões, e de milagre achamos um, que seja<br />

capaz da absolvição, como por vezes lá é escripto, e não sinto poderse<br />

a estes dar remédio; sinão o que me parece, que não se há de<br />

pôr, é para nós grande desconsolação; com o Gentio também se faz<br />

pouco, porque a maior parte delles, que eram freguezes d'estas'duas<br />

egrejas, fugiram; a causa d'isto foi tomarem-lhes os Christãos;, as<br />

terras em que têm seus mantimentos, e, por todas as maneiras que<br />

podem, os lançam da terra, usando de todas as manhas e tyrànnias<br />

que podem, dizendo-lhes, que os hão de matar, como vier esta gente,<br />

que se espera, e esta é a commum pratica de maus Christãos, que<br />

com elles.tratam, e de todos os seus escravos; e cuidam que salvam a<br />

alma em os deitar d'aqui e fazer-lhes mal pelo grande ódio que<br />

todos lhes têm.<br />

E porque alguns se asseguravam com as nossas palavras, inventaram<br />

a dizer-lhes que nós os queriamos ter juntos para os melhor<br />

matarem, e com este medo de os matarem e com lhes tomarem às ro^<br />

ças e terras, que é outro gênero de os matar, se foram muitos, outros<br />

ficaram ainda, que também esperamos se irão si a causa vai<br />

como vai; o Governador nisso não pôde fazer nada, nem sei si o<br />

que vier fará alguma cousa; para nós é grande dôr esta, porquê<br />

vemos que são forçados irem-se onde não poderemos ter conta com<br />

elles, e levam-nos os filhos, que já estavam doutrinados, e, si não os<br />

baptisamos é porque sempre tememos de se irem, ou por sua vontade<br />

ou forçados da necessidade, pela má visinhança dos Christãos,<br />

assim que nenhuma ajuda nem favor temos nisto dos Christãos, m#i<br />

"jt> antes muitos estorvas, jissin^<br />

AP 1 , - jj^ sua vida, dos quaes muitos lhes não ensinam, sinão a furtar, e adul-<br />

^4*r ; (p ierar 'e forniçar ço.m..as.Jnfieis; e outros males, de que q Gentio se<br />

eseandalisa, e estamos fartos de ouvir ao,., Gentio contar cousas ver-<br />

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