Cartas Do Brasil - Brasiliana USP
Cartas Do Brasil - Brasiliana USP
Cartas Do Brasil - Brasiliana USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
MANUEL DA NOBREGA<br />
voadores. E nisto note Vossa Mercê a bondade de Nosso Senhor,<br />
juntamente com sua justiça, que de tal maneira castigou que também<br />
houve misericórdia: não quiz que os índios prevalecessem<br />
contra os Christãos, porque têm almas suas, creaturas que salvar<br />
entre elles, e da guerra bem dada ou mal dada soube tirar esse<br />
bem que os índios ficassem sujeitos e medrosos e dispostos para<br />
agora receber o Evangelho, e a doutrina de Christo poder entrar<br />
com elles, como abaixo direi, e contentou-se seu furor com levar<br />
aquelles cento a ser comidos dos índios.<br />
Estando eu em S. Vicente, e sabendo a victoria dos Christãos<br />
e sujeição dos Gentios e que ao Bispo mandavam ir, parecendo-me<br />
que já se poderia trabalhar com o Gentio e tirar algum<br />
fructo, me tornei a esta cidade (91), trazendo commigo alguns<br />
Irmãos que soubessem a lingua da terra, e entre outras cousas,<br />
que pedi a D. Duarte, governador, para bem da conversão, foram<br />
duas, scilicet: que ajuntasse algumas aldeias em uma povoação,<br />
para que menos de nós bastassem a ensinar a muitos e tirasse o<br />
comer para carne humana, ao menos aquelles que estavam sujeitos<br />
e ao derredor da cidade, tanto quanto seu poder se estendesse. Não<br />
(91) Nobrega só voltou á Bahia a 30 de Julho de 1556, tendo partido<br />
de S. Vicente a 3 de Maio, como já ficou dito. Os Irmãos que com elle chegaram,<br />
segundo Simão de Vaseoncellos (Chron., 1. II, n. 4), foram o padre<br />
Francisco Pires e os Irmãos Antônio Rodrigues, Antônio de Sousa e Fabiano<br />
Lucena. Blasques, que estava na Bahia quando Nobrega chegou, diz<br />
que foram quatro Irmãos e um Padre, cujos nomes não declara. (Carta de 4<br />
de Agosto de 1556). O seu testemunho deve ser pois insuspeito. O nome porém<br />
do outro Irmão por ora não se sabe; Anchieta, segundo parece, não foi,<br />
apezar do meu amigo Capistrano de Abreu dizer (Mat. e Aeh., I, pg. XIII)<br />
que elle accompanhou Nobrega á Bahia em 1556. I o , porque em Dezembro de<br />
1556 escrevia Anchieta uma carta de Piratininga (Ann. ãa Bibl. Nac, I,<br />
268), em que refere que em o I o de Novembro elle e mais Irmãos passaramse<br />
e entraram em procissão na egreja nova do mesmo logar; 2 o , porque escreveu<br />
também as Lettras quaãr. ãe Setembro a Dezembro de 1556, como se<br />
vê na carta quadr. de 1 de Janeiro até Maio de 1557, dat. de Piratininga<br />
em o fim de Abril deste anno; 3 o , porque não parece provável que si Anchieta<br />
tivesse chegado á Bahia a 30 de Julho com Nobrega, já em Setembro ou Outubro<br />
estivesse em Piratininga de volta.<br />
Nobrega na 15 a carta (de Piratininga, 1556) diz: "Nem com eu agora<br />
levar cinco ou seis que imos, delles para o Espirito Santo, delles para a Bahia<br />
." Agora, si ficou algum Irmão no Espirito Santo é o que também não<br />
sei por emquanto.<br />
202